A acontecer, nunca será uma decisão contra a vontade dos paroquianos. A venda da capela antiga do Bairro das Almoinhas, que se encontra dessacralizada – ou seja, retirada ao culto, não recebe celebrações religiosas nem sacramentos – é, no entanto, admitida pela Paróquia de São Tiago dos Marrazes, a proprietária do imóvel.
Para o negócio se concretizar, torna-se indispensável a autorização da Diocese de Leiria-Fátima. Que, informalmente, já se manifestou disponível para o viabilizar. O pároco dos Marrazes, padre Rui Ribeiro, acredita que a cedência da capela das Almoinhas iria permitir um encaixe de pelo menos 350 mil euros. Destino? Amortizar dívida.
Com o objectivo de construir a nova igreja, na Quinta do Alçada, inaugurada em 2015 e dedicada aos pastorinhos de Fátima beatos Francisco e Jacinta Marto, foi contraído um empréstimo que continua a pesar nas contas da Paróquia de Marrazes: do crédito bancário, falta pagar 700 mil euros.
“É uma hipótese, a venda, se houver interessados”, admite o padre Rui Ribeiro. Lembra, no entanto, que há laços afectivos que ligam os paroquianos ao antigo lugar de culto – onde se realizaram missas, baptismos, casamentos e funerais, durante décadas – que devem ser respeitados.
A capela [LER_MAIS]não está colocada, publicamente, para transacção, também porque algumas pessoas “estão de acordo” com o negócio, mas outras “não estão”. É utilizada como suporte para as actividades da Paróquia dos Marrazes – por exemplo, nas festas, com restaurante – e acolhe sessões de terapia da fala para crianças.
A capela – actualmente designada igreja não paroquial – surgiu nos anos 50 do século XX, na sequência da construção do bairro das Almoinhas, cujos moradores começaram a participar em missas celebradas numa escola. Foi remodelada nos anos 80 e tinha por padroeira Nossa Senhora de Fátima.
Embora dependente do padre dos Marrazes, mantinha capelões e entre os mais queridos, que por lá passaram, contam-se o padre Bonifácio, o cónego José Rosa e o cónego Carlos Silva, conta o padre Rui Ribeiro. Depois de erguida a igreja nova da Quinta do Alçada, passou à condição de dessacralizada.