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“Há dias, em que temos de estar com o chapéu aberto”. O desabafo é de Celeste Sousa, que o JORNAL DE LEIRIA encontrou na paragem de autocarro da rua dos Mártires, em Leiria, que não tem qualquer protecção lateral e que, quando chove com mais intensidade, o tecto deixa passar água.
As queixas repetem-se noutras paragens, onde os abrigos antigos foram substituídos por novos, no âmbito do contrato de concessão que o município celebrou com a empresa JCDecaux.
A residir na zona da Estação, Olivia Chibante aponta o dedo ao modelo de mobiliário adoptado. “Devia cumprir com a sua função primordial, que é a de abrigar as pessoas que esperam o autocarro, mas isso não está a acontecer. O tecto foi muito mal concebido e tem um formato que faz chover dentro do abrigo”, denuncia a utente, que, em Maio enviou um email à câmara a “explicar a situação”, mas que “nunca” obteve resposta.
Entretanto, contactou a JCDecaux. Conta que a empresa enviou uma equipa de manutenção ao local, que tentou “solucionar o problema com bisnagas de silicone”, tapando as juntas do tecto, mas sem sucesso, já que “continua a chover dentro do abrigo”.
“Entra chuva por todos os lados. A cobertura não isola com devia. Em certos dias, temos de abrir o chapéu”, reforça Francisca Fonseca, estudante que utiliza diariamente os transportes públicos em Leiria. A jovem, que esperava o autocarro na paragem junto ao Mercado de Sant’Ana quando falou ao JORNAL DE LEIRIA, alega também que os bancos “são pequenos”.
“Só dão para duas ou três pessoas”, confirma Celeste Sousa, que, apesar das queixas, reconhece que “é melhor haver estes abrigos do que não haver nenhuma, como acontece ainda em algumas paragens”.
Confrotando com as reclamações dos utentes, o Município de Leiria refere que “não tinha conhecimento das situações relatadas”. A autarquia salienta, no entanto, que a escolha do design dos abrigos, da responsabilidade da câmara, “visa encontrar um equilíbrio entre a sua função de proteção e a necessidade de garantir condições adequadas de mobilidade, tendo em conta a dimensão média dos passeios”.
Pelo que, “em locais onde o passeio tem menos de 2,5 metros, são instalados abrigos sem abas, de forma a assegurar um corredor pedonal de 1,5 metros, essencial para a circulação de pessoas com mobilidade reduzida, carrinhos de bebé e cadeiras de rodas”, esclarece a autarquia.
O contrato entre o Município de Leiria e a JCDecaux teve início em Novembro de 2018 e é válido por 15 anos. Ao abrigo do acordo, foram concessionados no concelho 169 abrigos de “instalação imediata, com possibilidade de um aumento de abrigos no total de 10 por cento das unidades durante a vigência do contrato”, informa a autarquia.
A concessão prevê que a empresa pague à câmara 131 mil euros por ano, valor actualizado em função do Índice de Preços no Consumidor e que, segundo o município, tem sido liquidado
