Os pedidos em curso para a exploração de inertes no norte do concelho de Leiria, nomeadamente na União de Freguesias de Monte Redondo e Carreira, prevêem a duplicação da área actual.
Presentemente, existem cinco concessões activas nessa zona, com uma área potencial de lavra de de 496 hectares, mas há pedidos para novas explorações que, caso sejam aprovados, permitirão aumentar para os 1.057 hectares.
O alerta foi deixado por Céline Gaspar, presidente daquela união de freguesias, numa moção que apresentou na última sessão de Assembleia Municipal de Leiria, realizada no passado dia 23.
No documento, aprovado por maioria com abstenções do PSD, Chega e CDS-PP, é defendido que não sejam aprovadas novas concessões, pelos “inúmeros” impactos que esta actividade tem, nomeadamente ao nível dos recursos hídricos, mas também da qualidade do ar e do ruído.
“Existindo explorações activas cujos recursos não se encontram esgotados, não é justificável que se autorizem novas explorações e que se continue a castigar os territórios, a natureza e os cidadãos do norte concelho e de povoações confinantes”, alega Céline Gaspar.
A autarca revelou que está a ser constituído um grupo de trabalho, com cidadãos e elementos das juntas e uniões de freguesia do norte do concelho de Leiria, mas também de Guia, Ilha e Mata Mourisca, em Pombal, e representantes dos dois municípios.
“Chegou o momento de travarmos o desenvolvimento desmesurado de actividades que fustigam o planeta”, salienta a moção.
“Se temos bons caulinos, por que não os podemos explorar? Estamos a importá-los”, contrapôs António Pereira de Melo, da bancada do PSD, considerando que se trata de “um desperdício de recursos”.
O social-democrata alegou ainda que “faltam dados” que justifiquem uma posição contrária à autorização de novas explorações. Esse foi também o argumento apresentado pelos representantes do Chega e do CDS-PP para justificarem a abstenção. “Somos sensíveis às dores deste problema, mas a moção é demasiado vinculativa e sem informação que a sustente”, alegou Hugo Morgado, eleito pelo Chega.