A pesca da sardinha deve ser proibida em 2018 em Portugal e Espanha. Foi este o alerta deixado pelo Conselho Internacional para a Exploração do Mar (ICES), que considera importante travar a captura da espécie de forma a fazer face à redução acentuada do stock na última década. Contudo, na região de Leiria, os pescadores de Peniche e Nazaré não encontram justificação para a suspensão da captura da sardinha e querem manter a quota de pesca actual no próximo ano.
Humberto Jorge, presidente da Associação das Organizações de Produtores da Pesca do Cerco (Peniche), explica que, nos últimos cinco anos, os pescadores já têm vindo a tomar medidas de redução de captura, enquadradas nas recomendações científicas do ICES. Sublinha também que este ano, além desta recomendação de captura zero, aquele organismo apresenta outras recomendações alternativas.
É por haver alternativas que os governos de Portugal e de Espanha estão a encontrar uma base de trabalho, para negociar com a Comissão Europeia, de forma a garantir o crescimento deste recurso e viabilizar a actividade económica, nota o presidente da associação.
[LER_MAIS] “Todos os nossos esforços estão a dar resultados. Este recurso cresceu, não tão depressa quanto exige o ICES, mas é uma verdade inquestionável”, defende Humberto Jorge, que gostaria de manter em 2018, pelo menos, a quota actual de 17 mil toneladas de sardinha para toda a Península Ibérica, a capturar em seis meses.
Na Nazaré, João Paulo Delgado, vice-presidente da Mútua dos Pescadores, garante também que “esses sacrifícios já têm sido feitos pelos pescadores e pelas empresas” ao longo do últimos anos e que, reduzir a actual quota de pesca de sardinha trará prejuízos avultados para armadores e pescadores”.
Além disso, realça o vice-presidente, “é a falta de investimento na investigação, por parte do Estado português, que determina que não haja fundamentação para enviar para a União Europeia”, observa o responsável. Porque no mar, relata João Paulo Delgado, “os pescadores constatam que há mais sardinha”.
Note-se que, entre Janeiro e Agosto, a lota de Peniche foi a que registou o maior volume de vendas de pescado, com um montante de 24,5 milhões de euros, apesar de, em volume, ter sido apenas a terceira, com 9.783 toneladas. Os dados são da Docapesca e revelam ainda que a Nazaré comercializou 5,6 milhões (por 2.782 toneladas).