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Se a gente pegar num dicionário velho e roto, lhe sacudir o pó, vasculhar a secção de palavras começadas pela letra C e depois deslizar o dedo e aterrá-lo no nome casa, lemos: Nome genérico de todas as construções destinadas a habitação. Mas eu penso cá para mim que esse grupinho de palavras não lhe faz jus, e se me permitem encher o peito de ar e fazer-me de emproada contrariando as regras gramaticais e essas coisas todas, eu teimo em dizer que casa é um adjetivo.
Que se mudem os livros e os maçudos dicionários, olhem que nenhum deles sabe o que diz. Alguém lhes dê juízo. Moro na mesma casa desde que nasci e olhem que não me apetece arredar pé, nem um bocadinho – a minha mãe vai rejubilar quando passar as vistas por estas palavras -, mas sabem, é que não há nenhum sítio como este. Aqui está sempre quentinho, um quentinho que em nada tem a ver com temperaturas.
Por aqui as sombras de duas meninas idas ainda dançam, vivas em memórias. Por aqui o ar é feito de amor. Por aqui tudo parece seguro e acolhedor, quase terapêutico. Casa é… casa. Há pessoas que também o são. E por isso assinei a solo uma petição dissoluta para que casa se torne um adjetivo. A melhor das palavras. Merece ser tudo. Deixem-na comandar as nossas vozes.
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*Estudante
*Texto escrito de acordo com a nova ortografia
