Nos 1.500 hectares que em 2017 escaparam ao fogo, ainda se encontram exemplos do melhor que a Mata Nacional de Leiria representa, no plano ecológico, social e económico. Santuários poupados pelas chamas, onde habitam inúmeras espécies de árvores, mas também aves, esquilos, raposas, texugos, ginetas, lontras e coelhos, entre outros animais. Uma lista elaborada com a colaboração de Octávio Ferreira (engenheiro aposentado dos serviços florestais) e Carlos Franquinho (finalista do curso de Ciências do Ambiente na Universidade Aberta).
Ciprestes dos pântanos, Garcia
Um maciço com características raras no País. No lugar da Garcia, Marinha Grande, está um conjunto de ciprestes dos pântanos que é o único na Mata Nacional de Leiria classificado pelo ICNF – Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas. São árvores com mais de 100 anos e que chegam acima dos 30 metros, em altura. Esta é uma espécie nativa dos Estados Unidos e Golfo do México.
Tremelgo
A diversidade botânica do Tremelgo tem uma explicação: ali existiu um viveiro dos serviços florestais, com canais construídos a partir da linha de água que atravessa o terreno. Há esquilos e várias espécies de árvores: castanheiros, tulipeiros da Virgínia, carvalhos, pinheiros mansos, cedros e um eucalipto de rara envergadura, junto à estrada. Classificado pelo ICNF, com 160 anos, sobe até aos 53 metros e apresenta também um diâmetro respeitável.
Pinheiros serpente
Também nas Pedras Negras, junto ao caminho de terra batida, repousam os exemplares mais antigos de pinheiros- serpente (ou rastejantes) identificados na Mata Nacional de Leiria, provavelmente já com 200 anos. É a proximidade ao mar, e a força dos ventos, que lhes confere o feitio: mais deitados do que em pé, parecem suspensos no ar num traçado de curvas.
Ponte Nova
As árvores mais altas da Europa. É a informação oficial sobre alguns dos eucaliptos que fazem guarda à Ponte Nova, de ambos os lados da estrada, entre as mesas para piqueniques pintadas de verde. Em 2010, o eucalipto de interesse público ali classificado com honras de Diário da República media 63 metros, em altura, com 23 metros de diâmetro na copa.
Ribeiro de Moel e Açude
O ribeiro de Moel corre livre até à foz, na Praia Velha, mas, perto da Ponte Nova, há uma secção artificial, com margens em betão, que corrige o leito. No pequeno açude avistam-se lontras de tempos a tempos. Percorrendo as margens do ribeiro de Moel no sentido da Praia Velha, oferecemse alguns dos recantos mais bonitos do Pinhal do Rei, com freixos, choupos e salgueiros a acompanharem o zigue-zague da linha de água.
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Praia do Samouco
Antes de chegar à Praia do Samouco, assinalada, depois das Pedras Negras, na estrada entre São Pedro de Moel e Praia da Vieira, há um parque de merendas com sombras e água onde se observam as árvores que dão nome ao areal. Espécie indígena em Portugal, também chamada faia da terra ou das ilhas.
Eucaliptos, Pedras Negras
Através de um dos acessos na zona da praia das Pedras Negras, que passa pela antiga habitação em ruínas, chega- se a um conjunto de eucaliptos invulgar: pela dimensão, pela antiguidade e pela espécie, muito diferente dos eucaliptos mais comuns na região Centro.
Árvores
Floresta de acácias e eucaliptos, as Árvores são uma mancha muito procurada para piqueniques, cenário para várias edições do Pinhal das Artes. O que falta em riqueza botânica, sobra em tradição.
Sementões
Deixaram de ser regra, com carácter obrigatório, no início do século XX. Na maioria, arderam no ano passado. Mas os que resistem impressionam pela imponência. Os sementões são árvores adultas que devem a alcunha ao facto de povoarem a Mata Nacional de Leiria com a semente de novos pinheiros bravos e que eram habitualmente o único pinheiro deixado no solo aquando do corte final do talhão, ao fim de 80 anos. Um dos mais perfeitos encontra-se na Guarda Nova, no início da estrada que conduz a São Pedro de Moel.
Talhões 214 e 215
Os maiores e melhores pinheiros adultos que escaparam ao incêndio de 2017 estão nos talhões 214 e 215, que são actualmente o exemplo dos métodos de gestão, produção e silvicultura aplicados ao longo do tempo na Mata Nacional de Leiria. Na zona de Pedreanes e Gaeiras, junto à Marinha Grande.