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Home Viver

Pinturas de guerra em retratos do Ultramar na Pele

admin por admin
Outubro 21, 2020
em Viver
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Pinturas de guerra em retratos do Ultramar na Pele
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Há quase uma década que não saía da cabeça de Diana Gomes uma ideia. Vivia ali e deixava-se ver, para depois se esconder.

Mostrava-se em traços, pontilhados, letras e recordações de um tempo enevoado na memória pessoal e colectiva de um Portugal escondido e varrido para debaixo do tapete do quotidiano.

Proprietária de um estúdio de tatuagens desde 2004, na Praia da Vitória, ilha Terceira, nos Açores, fascinavam-na  as “pinturas de guerra” dos antigos combatentes da  Guerra Colonial, umas vezes escondidas pela roupa, outras à mostra, mas de significado igualmente ignorado.

“Angola”, “Moçambique”, “Guiné”, datas, nomes,  desenhos e juras de amor eterno, umas vezes concretizado, outras, nem por isso.

As tatuagens exibidas pelos militares do Ultramar são arte à flor da pele, feita em noites e dias ébrios, de solidão, de saudade, ou no rescaldo de mais um dia em que rapazes de 20 anos, oriundos de um Portugal dormente e brutalizado, escapavam de um encontro imediato com aquilo que ninguém quer.

Esses episódios relatados, as mensagens e os talismãs desenhados na pele resultaram no livro Ultramar na Pele, que Diana assina com Rui Caria, fotojornalista natural da Nazaré, radicado na Terceira.

O volume documenta,  ao longo de 96 páginas, as histórias e tatuagens de 21 antigos combatentes locais.

“As tatuagens da guerra eram mistificantes”, conta a  autora.

No coração desta artista de 37 anos, nascida quase  dez anos após o fim do conflito que opôs Portugal aos povos das ex-colónias que procuravam a autodeterminação, havia uma necessidade urgente de saber mais, de conhecer, de escutar, de entender e de preservar para o futuro um capítulo da história que, em Portugal, em vez de se abraçar e tirar lições, se prefere, muitas vezes, condenar como “vergonhoso” e “opressor” ou, noutros  casos, elogiar como se fosse determinante para a “portugalidade”.

O sonho materializou-se quando um antigo militar entrou pela porta do seu estúdio de tatuagem.

Queria tapar uma das pinturas que tinha por não se sentir confortável  com ela.

“Percebi que era urgente preservá-las  para as gerações futuras. Se não houvesse forma de as  guardar, elas desapareceriam para sempre.”

Memórias gravadas na pele
“A minha avó sempre me disse que ‘o trabalho feito de noite, de dia aparece’. Muitas vezes, nestas tatuagens, era o caso.

Foto: Rui Caria

Os soldados, rapazes ainda, desenhavam-nas em condições emocionais complexas, após emboscadas, após um combate, após verem amigos serem mortos. Alguns tatuaram Salazar e, após o 25 de Abril,  com maior conhecimento, traçaram-no com um risco  preto”, conta Rui Caria.

O Ultramar na  Pele, de Diana  Gomes e de Rui Caria, pode ser adquirido através do site do Instituto Açoriano de Cultura ou na página de Facebook Poison Tattoo

É provável que, devido a Hollywood, boa parte dos  portugueses saiba de cor nomes de cidades no Vietname, como Hanói e Saigão, onde as tropas americanas e o Vietcong se confrontaram. Menos saberão o que são Madina do Boé, Caxito, Silva Porto ou Tete.

“As balas  do Vietname matavam tanto quanto as do Ultramar e  os soldados ficaram igualmente marcados”, afirma o fotojornalista.
[LER_MAIS]Foi por causa de uma “memória na pele”, como Caria  as designa, que Diana Gomes avançou para o projecto. Um dia, um soldado, gota de água que fez transbordar o copo, franqueou-lhe a porta do estúdio a pedir que tapasse o nome com uma caravela.

Havia também casos de jovens que evocavam a protecção  divina, com cruzes e Deus, outros que escreviam os célebres “amor de mãe” ou da família, e ainda  as cinco quinas.

“Uma das pessoas que entrevistei contou-me que tatuou as quinas na mão direita,  para que, quando apertasse o gatilho, se lembrar da  razão”, conta Diana.

A tatuagem, escreve a autora, era uma forma de exteriorizar sentimentos que era urgente e obrigatório expressar de forma gráfica. Tinta de caneta e agulhas de coser eram os instrumentos utilizados para bordar desenhos e palavras na tela da pele.

No final de cada retrato e relato de Ultramar na Pele, Diana Gomes faz uma análise sobre o traço, os materiais utilizados, a estética e os significados.  

Os relatos escutados por Diana e Rui encerram narrativas  transversais; “umas vezes, era matar ou morrer. Outras era apenas morrer, após a explosão de uma mina na picada”.

No regresso ao aquartelamento e a uma certa segurança, havia expiação e catarse. O receio de não regressar com vida, após as comissões de serviço de 24 ou 36 meses – dois a três anos de  guerra – pesavam também no momento da decisão de fazer uma “pintura de guerra”.

Entre 1961 e 1974 passaram  pelos cenários  de guerra no Ultramar, do  lado de  Portugal, 148  mil jovens,  com 8830  baixas, e, lado  dos  movimentos  de  independência,  53 mil  combatentes.  Só do lado  português, 15507 ficaram  com  deficiência  permanente,  física ou psicológica.  Do lado dos  movimentos  de  independência  não há dados fidedignos sobre baixas e feridos

“O ‘amor de mãe’ era uma forma de apaziguar essa saudade e a vontade de regressar.” Paralelamente, podemos encontrar nestas tatuagens  exemplos de uma narrativa quotidiana sobre outros eventos marcantes: os nomes das madrinhas de guerra, por quem muitos se apaixonavam, mesmo sem as  conhecerem, e faziam juras de amor, as palhotas, as  árvores, a relação que se estabelecia com os povos locais.

Feridas abertas
A Guerra Colonial foi, para muitos jovens, um acordar  e um choque com outras latitudes, com povos míticos que só conheciam da propaganda do Estado  Novo, como sendo portugueses como eles.

Uns eram  dogmáticos, outros eram críticos. Afinal, partiam para  a guerra e com tudo o que isso acarretava.

Passados 46 anos após o fim do conflito armado, em muitos, as feridas continuam abertas.

A voz aperta-se, num nó na garganta, na dificuldade de relatar e recordar os tempos da guerra, os amigos perdidos, o tempo roubado. O tão falado “stress pós traumático”  tolhe corações e mentes.

Nalgumas entrevistas, Diana diz que sentiu dificuldades em partilhar a trincheira e partilhar confidências. “Eles não conseguiram, de todo, falar da guerra. Eu estava ali, uma ‘miúda  de 37 anos’, que ainda não era nascida quando eles foram para lá, e olhavam para mim, como se fosse uma criança a fazer perguntas.”

Caria também notou uma “certa nostalgia” nas conversas. “Não estão habituados a que se fale deles e com eles. Tentei invadir o menos possível a sua intimidade  e fiz as fotografias a meio das conversas, sem usar cenários. Foi fotografia al volo, como se fosse um pássaro em voo. As tatuagens também eram feitas  assim.”  

A autora recorda ainda a energia dos entrevistados e a dificuldade de conseguir agendar encontros com eles. “Ou tinham de ir à pesca ou tinham golfe, foi uma trabalheira conseguir algum tempo com os senhores fotografados!”  

Caria recordará sempre com um sorriso uma das tatuagens que fotografou. Singela, diz apenas: “Micelina, meu amor”.

Após anos na linha da frente, o soldado regressou aos Açores e casou com a Micelina. É a prova de que o amor e a esperança, uma vez por outra, conseguem vencer até a guerra.

Etiquetas: Açoresangolaautodeterminaçãocaçadorescolóniascombatediana gomesexércitofotografiag3guerraguerra colonialguerrilhaGuinéGuiné-Bissauilha terceiraindependênciakwanzaminasmoçambiqueNazarépelepicadaspulasRui CariatatuagensterceiraterroristasturrasultramarUltramar na pele
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