O laranja característico das pistas de tartan já pode ser visto na Bajouca, mais propriamente na sede do GAU – Grupo Alegre Unido, onde a empreitada decorre a todo o gás para que a inauguração aconteça até ao início de Março.
Esta é uma das obras muito ansiadas por este clube, que já tem cerca de 250 atletas distribuídos por cinco modalidades, onde se inclui o atletismo.
Há 12 anos que o clube começou a apostar nas camadas jovens, em pista e no corta-mato e, mais recentemente, no trail.
Face à procura, aumentam também as necessidades. “Precisávamos de algo onde pudessem treinar com melhores condições, andámos literalmente a treinar na terra. Ou então treinávamos no relvado, mas era mais complicado de conjuntar com a malta do futebol”, explica Licínio Silva, responsável pela secção de atletismo do GAU.
Surgiu, assim, a ideia de aproveitar o espaço desportivo à disposição para concretizar uma pista de tartan, onde os atletas podem “calçar as sapatilhas de bicos”.
A comunidade ao redor deste clube já está habituada a arregaçar as mangas para apoiar os atletas. Eventos desportivos e solidários permitiram angariar uma parte do dinheiro e, com a Câmara Municipal de Leiria a comparticipar 60% da obra, as máquinas foram para o terreno.
Orçamentada em 110 mil euros, a nova pista não tem as medidas oficiais, mas permite melhorar as condições de treino dos jovens que, além de correrem, também praticam saltos e lançamentos.
À pista de tartan, juntam-se uma gaiola de lançamentos, uma caixa de areia e colchões para os saltos.
“Temos aqui um campus desportivo que, para uma aldeia com dois mil habitantes, achamos que é considerável. A maior riqueza é mesmo a massa humana à volta do clube”, refere o responsável.
E é graças a esta massa humana que o GAU tem a avançar um segundo projecto, ao lado Campo de Futebol das Pedras, de construção de uma pista permanente de corta-mato.
Esta nova pista de corta-mato une-se à proposta vencedora do Orçamento Participativo de Leiria de 2023, que dá 60 mil euros para a colocação de um espaço que permita a prática de corrida, ao mesmo tempo que requalifica a envolvência.
O GAU está também a investir do próprio bolso para inaugurar esta pista no dia 23 de Fevereiro, que será estreada para o 5.º Corta-Mato do GAU Bajouca, que contará para o Campeonato Distrital de Corta Mato Curto (sub-18, sub-20, absolutos e veteranos) e Longo (sub-14 e sub-16) da Associação Distrital de Atletismo de Leiria (ADAL).
Pedreiras diz adeus ao pelado
Ainda não está tão adiantado, mas o Grupo Desportivo das Pedreiras, em Porto de Mós, vai finalmente despedir-se do campo “pelado” como local de treino dos seus atletas.
O clube, com o apoio da Câmara Municipal, está a dar os toques finais no projecto da nova pista de tartan, que terá 250 metros, onde se inclui uma recta de 100 metros, zonas de salto em altura, comprimento, triplo salto e lançamentos.
Pode dizer-se que é um milagre, mas Luís Ribeiro, presidente do clube, atribui o mérito dos bons resultados desportivos aos atletas e aos treinadores, que conseguem usufruir de espaços “improvisados” da melhor maneira e exibir medalhas ao peito.
O dirigente espera ver a obra a arrancar ainda este ano e acredita que a melhoria das condições trará mais medalhas para os cerca de 40 atletas dedicados ao atletismo neste clube.
“Com a pista, esperamos trazer mais jovens à prática do desporto”, acrescenta Luís Ribeiro.
Por outro lado, o Atlético Clube da Batalha ainda luta por melhores condições. O segundo clube do distrito com mais atletas de formação inscritos treina numa pista de pó de tijolo e há vários anos que solicita apoio camarário para a construção de uma pista tartan, que evitaria várias idas semanais a Leiria.
Mesmo com estas condições, o clube conquista pódios e tem, inclusivamente, uma atleta internacional, a Maria Jesus, que no final do ano passado sagrou-se campeã nacional de corta-mato.
Para Casimiro Gomes, dirigente do clube, bastava a melhoria do espaço já existente, com a criação de seis corredores com 140 metros de pista e uma caixa para o salto em comprimento.
A Câmara Municipal da Batalha não tem o mesmo entendimento. A autarquia pretende construir uma pista com as medidas oficiais e, no final deste mês, irá reunir com a Federação Portuguesa de Atletismo para estudar novas soluções.
Em cima da mesa está o aproveitamento dos terrenos envolventes às piscinas do Reguengo do Fetal para a pista de tartan. Mónica Cardoso, vereadora com o pelouro do Desporto, admite que o espaço onde o AC Batalha treina, à volta do campo de futebol, não tem as condições adequadas para a dimensão do clube, que já tem cerca de 130 atletas.
“A falta de espaço [urbano] na Batalha é uma das nossas limitações”, considera a vereadora, que vinca a vontade do executivo em encontrar uma solução para o clube.