Garantir a cadência de um comboio por hora, em cada sentido, entre Leiria e Lisboa em 2050 é uma das metas traçadas pelo Plano Ferroviário Nacional (PFN), aprovado na semana passada em Conselho de Ministros e que vai agora para discussão pública.
O documento propõe também uma nova ligação entre a Linha do Oeste e Lisboa, a partir da zona da Malveira e atravessando Loures, o que permitirá “reduzir em cerca de meia hora, todos os tempos de viagem” dos comboios provenientes dessa ferrovia em direcção a Lisboa.
De acordo o PFN, o objectivo é que, com a conjugação dos serviços de alta velocidade e intercidades, Leiria fique a contar com “pelo menos duas ligações por hora de e para Lisboa, com tempo de viagem não superior a 50 minutos”.
O documento tem já em conta os projectos para a Linha de Alta Velocidade (LAV), que vai ter uma paragem em Leiria, cujo troço Porto- -Carregado estará concluída em 2030, se for cumprido o cronograma anunciado.
“Com a paragem dos serviços de alta velocidade na actual estação de Leiria, esta passa a ser o principal interface ferroviário da região”, pode ler-se no documento, segundo o qual, nessas circunstâncias, “estabelece-se a reformulação do padrão de serviços da Linha do Oeste, que actualmente terminam ou começam em Caldas da Rainha”.
Inter-regional a ligar Leiria e Coimbra
O documento preconiza também a criação de um serviço intercidades a ligar Lisboa e Figueira da Foz, que utilizará a LAV até Leiria e a Linha do Oeste a norte desta cidade, e que demorará 1:45 horas, um tempo de viagem considerado “competitivo” com o automóvel.
Esta resposta será complementada com uma ligação inter-regional entre Leiria e Coimbra, a circular “alternadamente” com o intercidades. Revolução na relação com a capital.
A sul de Leiria, os serviços inter-regionais cadenciados entre Lisboa e Caldas da Rainha, “deverão ser prolongados até Leiria, avaliando- se a possibilidade de efectuarem serviço local a norte de Torres Vedras”. Dessa forma, evita-se “a necessidade de desdobrar serviços locais adicionais”, refere o PFN.
“Revolução” na relação com a capital
“O investimento no sector ferroviário é absolutamente crítico para o futuro do País, pelo que recebemos com satisfação o anúncio do investimento na Linha do Oeste que, articulado com a aposta na alta velocidade, que contempla uma estação em Leiria, poderá alavancar ainda mais o desenvolvimento da nossa região e aprofundar a vocação internacionalista do nosso tecido empresarial”, afirma Gonçalo Lopes, presidente da Câmara de Leiria e da Comunidade Intermunicipal da Região Leiria.
O autarca frisa que este território “passará a estar a apenas 40 minutos de Lisboa, o que revoluciona a nossa relação com a capital, tornando o concelho mais atractivo, para viver, trabalhar, investir e visitar”.
Por seu lado, a Comissão de Defesa da Linha do Oeste encara “positivamente, mas com cautelas” a proposta para criação de uma nova ligação entre Torres Vedras e Lisboa.
À agência Lusa, José Rui Raposo, porta-voz da comissão, considera que esse troço é “fundamental para aproveitar todas as potencialidades da Linha do Oeste”, e justifica as “cautelas” com o “ritmo extremamente lento” a que estão a ser feitas as remodelações na rede ferroviária, aludindo, em particular, aos atrasos na requalificação da Linha do Oeste.