Em Finanças Internacionais, a relação intrínseca entre a taxa de câmbio e as taxas de juro apresenta se, na generalidade dos casos, de forma robusta. É a chamada Teoria da Paridade das Taxas de Juro (TPTJ), definida pela seguinte expressão: R = rd – rf.
A TPTJ diz-nos que, no médio e longo prazo, as variações cambiais (R) reflectem o diferencial entre os juros nacionais (rd) e os juros estrangeiros (rf).
Por exemplo, se houver um diferencial dos juros a favor do estrangeiro (rd < rf), o capital irá fluir da praça nacional para a praça estrangeira, fazendo desvalorizar a moeda nacional no mercado cambial à vista, mas irá gerar uma tendência futura de valorização da moeda nacional, quando houver a maturidade do capital investido na praça estrangeira.
Isto é: se (rd < rf) a variação cambial torna-se R < 0, ou seja, a moeda nacional valoriza-se. Neste exacto momento, a zona euro e os EUA têm políticas monetárias com objectivos distintos.
[LER_MAIS] Nos EUA, devido ao bom desempenho da economia, gerando alguma tensão para o aumento dos preços, a reserva federal (Fed) vai aumentar a taxa de juro com o objectivo de conter a inflação.
Na zona euro é o contrário. A economia europeia hesita em acelerar o seu ritmo de crescimento e, por isso, o BCE, pelo menos até final deste ano, vai manter a Euribor em baixa.
Ou seja, em termos de diferencial dos juros entre as praças europeia e norte-americana haverá para este ano a seguinte relação: (reuro < rusa).
E, de acordo com a TPTJ,~ao longo deste ano o euro irá valorizar-se face ao dólar ( R <0). O problema que se coloca é que o euro já tem vindo a valorizar-se nos últimos 18 meses. Já se valorizou cerca de 14% e pode chegar aos 20% até ao final do ano.
A valorização da moeda é prejudicial às exportações, porque torna os bens transaccionáveis mais caros na moeda do país importador. Ou seja, a valorização da moeda pode anular algumas vantagens competitivas criadas pelas empresas.
Actualmente, os EUA são o quinto maior mercado das exportações portuguesas. A pauta exportadora para o mercado norte-americano é variada. Vai desde os produtos têxteis até à gasolina da Galp, passando pelos moldes da Marinha Grande.
A criação de vantagem competitiva sustentada exige, por parte da empresa, a definição de estratégias a partir de recursos internos que são raros, inimitáveis e de uso eficiente.
Mas o que pode ser uma força da empresa pode também ser anulada por ameaças externas. E na actual conjuntura, com o euro a seguir a sua tendência de valorização face ao dólar, existe um risco real para a competitividade do mercado exportador.
*Docente do IPLeiria