É um jogo de futebol disputado por quatro atletas, divididos por duas equipas, num campo de 10×5 metros, composto por paredes transparentes com três metros de altura, e uma rede como tecto. Está para o futebol como o squash para o ténis, e faz recordar os tempos de infância quando se jogava futebol de rua, dois contra dois, com pequenas balizas. Falamos do jorkyball, uma modalidade que chegou a Portugal há 20 anos, na Póvoa de Varzim, e que hoje conta apenas com uma associação desportiva: Jorkyball Club Pombal (JCP).
O clube foi fundado em 2016, no entanto, a sua origem remonta a 2004, quando Tomás Silva era proprietário de um espaço destinado à modalidade em Pombal, o segundo a abrir no País, que passou depois para Coimbra.
“Voltámos há sete anos para Pombal, com a criação da associação. O JCP nasceu após vários apaixonados pela modalidade pensarem em juntar o útil ao agradável e desenvolver um espaço para jogar, permitir a outros atletas conhecer o jogo, competir e integrar as ligas, ou apenas jogar por lazer”, explica Tomás Silva.
Após ter “atingido números interessantes”, Portugal tem hoje “poucos atletas” de jorkyball, não existindo uma federação, apenas a selecção portuguesa, inscrita na Federação Internacional de Jorkyball (JIF). A nível nacional, é o Jorkyball Club Pombal que assume a responsabilidade de organização das provas, sob as directrizes da JIF.
[LER_MAIS]
“Existem outros campos pelo distrito onde se joga pelo lazer, mas o associativismo é difícil. Está em marcha um projecto da JIF para ajudar clubes a nascer, e em 2024 haverá novidades nesse sentido”, salienta o responsável, adiantando que “o JCP atingiu o propósito pensado até à pandemia, onde acabou por sofrer como todos os clubes”.
“Queremos repor as dinâmicas que tínhamos alcançado: uma liga distrital com 16 equipas, cerca de 50 atletas. Em 2023 estamos a refazer um percurso ajustado à realidade actual, mas com a base que existe no clube, pensamos ser possível.”
O JCP lançou este ano uma liga por fases. A primeira, designada Liga de Outono, tem seis equipas e termina no final de 2023. A segunda fase arranca em Fevereiro, sendo disputada até Maio/Junho, com 10/12 equipas. A liga dará apuramento ao Mundial de Clubes 2024, disputado em Julho, em França, havendo ainda um duplo encontro nacional, em Abril e Maio, para apurar o campeão nacional.
Em Portugal existem atletas de várias localidades, que treinam e jogam nos centros privados, e inscrevem-se depois no JCP, enquanto regulador das provas, participando sob a supervisão da JIF. O JCP conta nesta fase com 25 atletas inscritos na liga. A maioria é de Pombal, ainda que existam também atletas de Leiria, Marinha Grande, Figueira da Foz e Coimbra.
O clube participa anualmente em competições internacionais, de diversos escalões, e segundo Tomás Silva, o maior feito foi a conquista da Golden Cup, em 2017, em Roma, frente à equipa de Noisy le Grand, de França.
Representar a selecção é “a ambição de qualquer atleta”
Nos últimos anos, o JCP tem tido também, pelo menos, um ou dois atletas a representar a selecção nacional, que se juntam a atletas portugueses que jogam na Liga Francesa, a mais competitiva do mundo.
Ricardo Subtil, de 44 anos, é um dos jogadores que tem vestido a camisola de Portugal, afirmando ser “a ambição de qualquer atleta”. “Apesar do nosso País ser mais amador quando comparado com outros, é sempre muito agradável chegar aos jogos e dar luta”, afirma o atleta, reconhecendo que a modalidade “tem dado a oportunidade de visitar diferentes países e conhecer muitas pessoas”.
O atleta, que começou a aventura no jorkyball em 2004, quando Tomás Silva abriu o primeiro espaço, refere que “enquanto houver pernas para correr, a intenção é continuar”. “Muitas vezes saio cansado do trabalho, chego cansado ao treino, e no fim acabo por ficar mais relaxado.”
Também Ricardo Gameiro enaltece o benefício de “desanuviar, conviver e queimar calorias”. “Deve ser das modalidades que mais faz suar”, afirma o atleta de 38 anos, cujo primeiro contacto com a modalidade foi igualmente em 2004.
O jogador, que já representou a selecção por duas vezes, sublinha ser “uma experiência muito positiva, que permite conhecer outro tipo de jogo e tácticas, e evoluir”.
Cada partida de jorkyball é disputada dois contra dois, havendo em cada equipa um defesa e um avançado. É um jogo de tabelas, com as paredes a servirem de parceiro, em que o objectivo é ganhar três ‘sets’ à melhor de cinco: em cada ‘set’ uma das equipas tem que atingir os sete golos.
Os defesas, sem bola, podem ir até à linha do meio-campo, e com bola, podem ir até à linha de penálti do meio-campo adversário. Já os avançados podem movimentar-se sem restrições, à excepção da zona defensiva adversária.
“O facto de não se jogar por tempo e sim por ‘sets’ dá às equipas a responsabilidade de marcar para vencer. As regras estão definidas para proteger a integridade física. Trata-se de um jogo rápido, com fair-play”, salienta Tomás Silva.