“Não me peçam para reabrir um caminho fechado pela DGEG [Direcção-Geral de Energia e Geologia] com o ‘carimbo’ de risco. Isso não se discute”. O presidente da Câmara de Porto Mós, Jorge Vala, respondeu assim aos apelos feitos por moradores da freguesia da Mendiga, na última reunião de executivo, realizada no local, para a reabertura de um caminho que dava acesso a vários terrenos, atravessando duas explorações de pedra.
Os habitantes alegam que a alternativa obriga a percorrer distâncias “muito maiores”. “Para benefício de dois ou três capitalistas, prejudicam-se as populações de Arrimal, Bemposta e Valeverde”, acusou José Alberto, um dos queixosos, alegando que, “antes de as empresas de pedra” se instalarem no local, “já o caminho existia” para servir os proprietários de terrenos existente nas imediações.
Jorge Vala explicou que o caminho foi encerrado “há cerca de dois anos por ordem da DGES, por apresentar perigo”. Segundo autarca, a câmara “nem sequer foi notificada”, até porque “não consegue provar” que se trata de um caminho público, por “não estar no cadastro” como tal. “Sempre foi público, desde o tempo dos meus pais e avós”, contrapôs aquele morador.
Ao JORNAL DE LEIRIA, o autarca reconhece que a situação “prejudica as pessoas”, mas que a seguraça “está primeiro”. “[O caminho] tem pedreiras de um lado e do outro com desníveis enormes, de 20 ou 30 metros. Se há indicações de que configura perigo iminente, de certeza que não vai reabrir”, garantiu Jorge Vala.
Na reunião de executivo, foi também exposta a contestação de alguns moradores da Cabeça Veada à alternativa que está a ser criada pela Junta de Freguesia para retirar os camiões do centro da aldeia. A medida é há muito exigida pela população, mas a solução encontrada gera críticas, por, segundo Jorge Vala, “sair junto a uma casa”.
O presidente da câmara alega que o acesso em execução foi “o único aprovado pelo ICNF [Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas]” e que vai ao encontro da pretensão de desviar o trânsito de pesados do interior da povoação. “Não faz sentido ter camiões a passar num aglomerado com um conjunto vasto de casas”, reconhece Jorge Vala, lamentando as críticas por “se estar a fazer o que antes era pedido”.
Rui Marto, vereador do PS, sugeriu que o processo seja reavaliado. “Analise-se e, se for necessário, volte-se atrás. Ainda há tempo”, disse