Nos últimos meses tem vindo a público a situação caótica em que se encontra o Hospital de Leiria. A própria demissão do presidente do Conselho de Administração confirma a gravidade da situação, sobretudo se atendermos às palavras no momento da demissão, quando afirmou que “não há condições para colmatar as necessidades mínimas em pessoal, não há meios para investimento”.
Foi, por isso, com estupefacção que o ouvi afirmar numa audição no Parlamento que a situação do Hospital estaria afinal normalizada. Se está, porquê a demissão? Foi uma pergunta a que acabou por não responder.
Também o Sindicato Independente dos Médicos a 22 de fevereiro denunciou que “a situação atual é dramática, com reflexo na qualidade do atendimento aos doentes”, destacando que “a falta de médicos tem como consequência o não cumprimento do preenchimento das escalas médicas, de acordo com as normas vigentes” e que esta situação condiciona “um pior e mais lento atendimento aos doentes, com o consequente aumento do risco de agravamento de situações clínicas menos complicadas”.
Já na Assembleia da República, Carlos Cortes (presidente da secção regional do Centro da Ordem dos Médicos) enumerou “profundas, dramáticas e graves as dificuldades que se têm vivido no serviço de Urgência do Centro hospitalar de Leiria”.
Esta situação já motivou outras demissões [LER_MAIS] para além da do presidente do Conselho de Administração.
No início do ano, os chefes das equipas da Urgência do Centro Hospitalar de Leiria demitiram-se devido à falta de condições de trabalho nos seus serviços, acusando urgências sobrelotadas, falta de pessoal, e condições “desumanas” de funcionamento, que vieram posteriormente a obrigar à alteração e diminuição da “programação cirúrgica dos doentes não urgentes” para “canalizar recursos e disponibilidades para os doentes cirúrgicos urgentes”.
É, por isso, incompreensível o silêncio (ou a concordância) do PS com esta situação.
Tal como é curiosa a aparente conformação com a mesma de Helder Roque, que começou o mês por bater com a porta em sinal de protesto pela falta de resposta dada pela tutela ao Centro Hospitalar de Leiria e duas semanas depois entendeu suavizar drasticamente o discurso.
Porquê?
*Deputada do PSD
Texto escrito segundo as regras do Acordo Ortográfico de 1990