Os amantes da natureza, em particular dos insectos e das borboletas, têm agora mais uma ferramenta de apoio para as visitas ao concelho de Porto de Mós. Trata-se de um guia de borboletas, que destaca 38 das cerca de 400 espécies existentes neste território, com fichas informativas e propostas de rotas e de percursos.
O novo guia integra a colecção Discover Porto de Mós, desenvolvido pela associação Vertigem, em parceria com o município, que já tem disponíveis três outras publicações (birdwatching, flora vascular e musgos e líquenes.
O objectivo é “diversificar os motivos de interesse de uma visita ao território do concelho”, disponibilizando uma “ferramenta de apoio ao ecoturismo em modo autónomo”, explicou Rui Cordeiro, presidente da Vertigem, durante a apresentação do documento.
A publicação resulta de um trabalho de campo, efectuado nos últimos dois anos, no período entre Junho e Outubro, que contou com a colaboração de 25 voluntários, apoiados por membros da Vertigem, técnicos do Município e investigadores das Universidades de Aveiro e de Trás-os-Montes e Alto Douro.
Durante os 49 dias de inventário de campo, foram identificadas 1.900 borboletas de 68 espécies diferentes, das quais 38 são destacadas no guia, com “informações sobre a espécie, mapa de ocorrências no concelho, índice de densidade e diversidade, comportamento, ciclos de vida e as interacções com o ecossistema”, exemplifica Rui Cordeiro.
A apresentação do guia decorreu no âmbito V Encontro dos Censos de Borboletas, realizado no último fim-de-semana, em Porto de Mós, e que reuniu voluntários, vigilantes da natureza e representantes de municípios e de organizações não-governamentais de ambiente de todo o País.
Lançados em 2019, estes Censos fazem parte do Plano Europeu de Monitorização de Borboletas Diurnas, que consiste na contagem regular, ao longo de vários anos, do número de indivíduos de cada espécie destes insectos.
“Além de bonitas, as borboletas são também organismos bio-indicadores, ou seja, conhecendo a sua diversidade e abundância conseguimos estimar a diversidade e a abundância de outros insectos menos conhecidos e mais difíceis de monitorizar”, salienta Eva Monteiro, investigadora do Centro de Ecologia Funcional da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra.
Questionada sobre os resultados apurados até ao momento, a docente frisa que, para “poder calcular tendências fiáveis, são precisos, pelo menos oito anos de dados de contagens”, pelo que, “é prematuro” avançar se tem havido aumento ou redução do número de borboletas.