Há uma exposição extraordinária que bem podia estar em qualquer mediaticamente prestigiado espaço expositivo em qualquer lugar não só de Portugal mas foi acolhida, muitíssimo bem acolhida diga-se, aqui no nosso território, na Central das Artes de Porto de Mós.
A exposição chama-se “Porto de Nós – Confluências Transnacionais” e junta 45 artistas de Portugal, Guiné-Bissau, Timor Leste, Moçambique, São Tomé e Principe, Cabo Verde e Angola sob curadoria de João Carlos Silva e Ricardo Barbosa Vicente que os organiza e dá a ler distribuídos por três núcleos, Conexões Ancestrais, Identidades Partilhadas e Liberdade e Transformação.
Nas palavras dos seus curadores: “No cerne desta exposição, a língua portuguesa emerge como um elo unificador entre diversas expressões culturais e artísticas, demonstrando como este idioma, enriquecido pelas diferentes culturas que o adotam, se tornou essencial para a expressão artística, a comunicação de ideias e a partilha de experiências. Através desta mostra, não só se celebra a história e a cultura partilhadas, mas também se reconhece a importância da arte e da linguagem na construção de pontes e na compreensão da humanidade.”
Como acontece sempre que juntamos artistas diversos e diversos meios de expressão, escultura, instalação, fotografia, instalação sonora, pintura e artes gráficas o primeiro desafio é sempre o de construirmos a nossa própria narrativa de orientação, desenharmos um mapa.
Mas um mapa que só para nós faça sentido, um mapa, como na provocação de Ioko Ono em 1964, para nos perdermos.
O bem que isso sabe, o bem que nos faz, não se traduz, experimenta-se. E nunca se perde.
Se puder leve alguém consigo. Vejam a exposição. Escolham três peças cada um que os tenham tocado particularmente e revisitem-nas. Das seis, em pleno acordo, escolham uma peça.Vão beber qualquer coisa.
Se tiver algum interesse ou a mínima curiosidade pela criação artística contemporânea vá à Central das Artes de Porto de Mós ver esta exposição até 30 de agosto. Não se arrependerá nem um bocadinho, tenho a certeza.
Texto escrito segundo as regras do Novo Acordo ortográfico de 1990