É uma das iguarias mais apreciadas na quadra que se aproxima e, na região, até tem uma marca registada.
O leitão assado, seja à moda da Bairrada ou da Boa Vista, concorre contra o “fiel amigo” e não pode faltar na maioria dos lares na Consoada ou na véspera de Ano Novo.
O preço nunca é baixo, contudo, este ano, pode ser que bata alguns recordes.
O JORNAL DE LEIRIA falou com alguns fornecedores e assadores, que garantem que o preço por unidade, à partida, não deverá chegar aos 200 euros, como já está a ser anunciado na zona da Bairrada por alguns dos restaurantes mais conhecidos.
Mas não ficará longe dos 130 a 150 euros por leitão assado.
A partir da próxima semana, os assadores devem começar a ser inundados com pedidos de encomenda, mas o preço poderá fazer alguns clientes abster-se de comprar leitões inteiros, optarem por metades ou mesmo a desistir da iguaria.
A culpa, dizem os profissionais do sector, é da inflação e do encarecimento dos meios de produção agropecuária, que fizeram aumentar o valor dos transportes, da ração e da electricidade, numa espiral assente, largamente, no preço dos combustíveis.
Mas seja quais forem as razões, é incontornável que a matéria-prima está cara.
Se, no ano passado, era possível adquirir uma carcaça de leitão por 60 euros, este ano, o preço vai já nos 90.
“Fala-se já em 100 euros”, diz Andreia Miguéis, responsável pelo restaurante Miguéis, da Boa Vista (Leiria).
Os valores elevados fazem com que este espaço só comece a aceitar encomendas destinadas ao Natal “apenas uma semana antes”, para ter a certeza de que, no momento da entrega, não haja desistências devido ao valor elevado.
Já antes aconteceu e gato escaldado…
Poucas encomendas em tempo de crise
Instalado à beira do IC2, na fronteira entre as freguesias da Boa Vista e Milagres, Fernando Santos, um dos responsáveis pela Hélio dos Leitões, um dos maiores assadores da região, alinha pela mesma ideia: o grosso das encomendas para o Natal, só acontecerá a partir da semana que vem.
“Para já, o movimento está fraco. Se fosse um ano normal e não de crise, já haveria muitas encomendas. O preço das rações e a subida dos custos de produção fizeram encarecer o leitão”, explica.
O resultado foi uma redução no efectivo de muitos produtores, incapazes de pagar os aumentos.
“Este ano, muitos acham o leitão caro e abdicam dele nas mesas da Consoada e Ano Novo.”
Apesar de tudo, Fernando esclarece que os 200 euros anunciados para a Bairrada serão válidos apenas para alguns estabelecimentos, nos outros, o preço poderá ser inferior.
A convicção é a mesma no restaurante Fonte do Corvo. O preço será mais alto do que no ano passado, mas não sofrerá o disparo anunciado para a Bairrada.
“Se os nossos fornecedores, e alguns de- les são os mesmos que os da Bairrada, não se ‘esticarem’, devemos conseguir manter os preços abaixo desses valores”, acredita Nelson Faria, responsável pelo matadouro do Fonte do Corvo.
Ali, a previsão de encomendas é semelhante à de outros anos: 100 leitões assados de maneira tradicional à moda da Bairrada ou à moda da Boa Vista (aberto como um frango assado e com molho especial).