As empresas produtoras de vidro de embalagem viram os preços do gás natural disparar para níveis históricos nos últimos meses (sete vezes mais do que em 2020) e face a esta escalada contínua começa a estar em risco a sustentabilidade do negócio, alerta Sandra Santos, presidente da Associação dos Industriais de Vidro de Embalagem (AIVE).
Como o peso da energia é muito alto nos custos totais destas indústrias, os preços muito elevados vão significar resultados negativos continuamente.
“Tal não é sustentável, nem no curto prazo, pois os investimentos recorrentes, de substituição de fornos, são elevadíssimos”, disse à TSF.
As seis fábricas existentes em Portugal – três das quais na Marinha Grande – dependem do gás natural para o funcionamento permanente dos fornos industriais e, tal como a indústria cerâmica, têm sentido grandes impactos decorrentes da subida dos preços.
“O aumento já vinha do ano passado e de modo drástico. Agora agravou-se bastante”, diz ao JORNAL DE LEIRIA Bruno Lopes, director da BA Glass na Marinha Grande.
O gestor afirma que os preços oscilam bastante no mercado, o que faz com que de repente a factura duplique. Esta segunda-feira o MgW/hora estava a 250 euros, mas no dia 4 deste mês, por exemplo, estava a 450 euros. E no dia 8 chegou aos 650 euros.
“Há um ano, o preço normal seriam 60 euros por MgWhora. Vejam-se os prejuízos que todas as empresas de consumo intensivo de gás natural estão a ter”, sublinha. “É um sufoco, não é sustentável”.
No caso da BA Glass, e para tentar minimizar os impactos decorrentes da subida dos preços do gás, estão a ser implementadas medidas para reduzir e optimizar os consumos energéticos.
Quando renovou o contrato, em Julho do ano passado, a Vidrexport viu os preços subir logo para o dobro. Neste momento, paga valores que Hermenegildo Santos considera razoáveis tendo em conta as circunstâncias. Mas conta com mais subidas na renovação do contrato.
O gerente desta empresa da Marinha Grande, que entre outros artigos produz peças de vidro para decoração e iluminação, destaca que além dos preços do gás também os da electricidade estão agora “cinco ou seis vezes mais altos” e que os custos das matérias-primas também têm subido muito.
“A continuar assim, não sei como vai ser. Temos feito algumas actualizações de preços, e teremos de fazer outra em Abril, mas não conseguimos fazer reflectir todos os aumentos de custos nos preços dos produtos”, sublinha.