Na passada segunda-feira, o preço do ouro continuava a bater recordes.
Um grama de ouro de 24 quilates valia mais de 97 euros e a cotação do de 18 quilates superava os 72 euros.
O valor elevado é reflexo da desconfiança que se abate sobre os mercados internacionais, motivada, essencialmente, pelos receios motivados pela política norte-americana de criar tarifas elevadas para o comércio internacional, naquele que é o maior mercado mundial.
As previsões, caso nada mude, sã ode travagem mundial numa economia que recuperava dos efeitos da pandemia.
Em momentos de aparente crise como este, muitos investidores procuram a protecção dos metais raros, e o ouro é o destino mais comum.
Isto leva a que haja a necessidade de uma escolha difícil, entre manter as jóias de família ou aproveitar para vender e realizar mais-valias.
A título de comparação, no Verão do ano passado, um grama de ouro valia 60 euros.
A subida foi de 61,67%, em apenas sete meses.
Curiosamente, segundo o site bullion-rates.com, em Abril de 2008, na véspera da crise do subprime, causada pela incapacidade do regulador norte-americano em fiscalizar o seu mercado de capitais, o valor médio do grama era de18 euros.
Em 17 anos, a subida foi de 438,89%.
“Quem tem dinheiro, investe na compra e quem precisa, vende”, afirma Antero Faria, proprietário da Ourivesaria Antero, de Leiria.
A desvalorização do dólar face ao euro, devido às medidas tomadas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, também está a ajudar à subida de preço, com os europeus a receber mais pelo ouro, uma vez que a cotação é feita em dólares.
“A percepção de crise só não é maior porque o dólar está fraco”, adianta este empresário.
Em Pombal, Nuno Tomás Oliveira, da Pombal Valores, revela que, apesar de o metal estar a atingir valores recorde, o volume transaccionado até reduziu no seu espaço comercial. “No último mês, não tenho comprado muito e o que aparece são peças de baixo valor”, admite.
O período é coincidente com o agudizar da crise das tarifas.
“As pessoas percebem que a situação é volátil e que não se pode confiar na estabilização económica a curto prazo. Em crise, o ouro é um refúgio seguro”, diz, adiantando que o metal valorizou muito, desde que Trump retrocedeu, à excepção da China, na vontade de aplicar tarifas à União Europeia e ao resto do mundo, “incluindo uma ilha habitada apenas por pinguins”.
Assaltos e clima de insegurança
Por outro lado, a percepção de insegurança motivada pelo baixo número de agentes policiais e as notícias de assaltos e sequestros por grupos de encapuzados em Leiria tem levado algumas pessoas a vender o que têm em casa.
“Após as notícias dos últimos dias, os idosos das aldeias dizem que preferem vender o ouro e guardar o dinheiro no banco.”
Antero Faria, que, recentemente, sofreu um arrombamento na sua ourivesaria no centro de Leiria, concorda que há “um maior receio dos assaltos à mão armada”.
“As autoridades têm de fazer mais e de passar uma mensagem de segurança”, resume.