Abre, esta quinta-feira, a nova loja do Estabelecimento Prisional Leiria Jovens (antiga prisão-escola), onde serão vendidos produtos hortícolas cultivados pelos reclusos que integram a brigada agrícola da cadeia.
A Loja da Quinta, nome dado ao espaço numa referência à Quinta Largar d’El Rei onde está instalada a prisão, foi construída junto à portaria do estabelecimento e o seu funcionamento será assegurado por um recluso, com acompanhamento de um funcionário prisional.
Já em 2017, tinha sido feita uma primeira experiência de venda ao público dos produtos agrícolas da prisão, na garagem da antiga casa do director, localizada a alguns metros do portão. No entanto, a falta de condições do espaço, com pouca visibilidade e estacionamento, e depois a pandemia, determinaram o seu encerramento e a decisão de construir um espaço de raiz.
“Aqui temos estacionamento e todas as comodidades que um espaço desta natureza exige”, salienta Estanislau Ramos, adjunto da Direcção para os Serviços de Administração e Apoio Geral da prisão. Por seu lado, Joana Patuleia, directora da cadeia, frisa que a abertura da loja permitirá o incremento das vendas, que actualmente são feitas apenas aos funcionários e a um grupo restrito de clientes habituais.
Além dos produtos hortícolas – alface, tomate, alho francês, courgete, couve, feijão verde, cebolas e muitos outros -, na loja será também comercializado o vinho produzido na cadeia, incluindo o Inclusus, marca que envolveu uma parceria com a Adega Mãe, empresa de Torres Vedras.
A loja contará ainda com uma secção de produtos de outros estabelecimentos prisionais, como mel, azeite, frutos secos, artesanato e artigos têxteis.
“Não vamos ter tudo em exposição ou em stock, mas as pessoas podem encomendar online e levantar aqui. Nestes casos, serviremos como ponto de recolha”, explica Estanislau Ramos, revelando que a loja de Leiria servirá como “projecto-piloto” no sistema prisional e que o objectivo é abrir espaços semelhantes em Pinheiro da Cruz, Paços Ferreira, Sintra e Setúbal.
Joana Patuleia assegura que a abertura da loja não interferirá com a produção de hortícolas para o Banco Alimentar Contra a Fome de Leiria-Fátima no âmbito do projecto Hortas Solidárias, em vigor há cerca de dez anos.
Só no último ano, saíram dos terrenos da prisão cerca de 23 toneladas de hortícolas, cultivadas pelos reclusos e distribuídas por instituições sociais da região. É, frisa a directora, também uma forma de “sensibilizar” os reclusos para “a solidariedade e para a cidadania”.