Na passada segunda-feira, a Associação Nacional de Produtores de Pera Rocha (ANP) fez chegar à Câmara Municipal de Alcobaça um pedido de apoio, para que a autarquia se solidarize com os fruticultores e com eles interceda junto da tutela, no sentido de ajudar um sector que tem sentido significativas perdas de produção. O fogo bacteriano é apenas um dos responsáveis pelos elevados prejuízos.
O alerta teve grande receptividade da parte do presidente do município, Hermínio Rodrigues, já que a produção de Pera Rocha representa cerca de 30% da fruticultura do seu concelho, salientou o autarca.
Ao JORNAL DE LEIRIA, Filipe Ribeiro, presidente da ANP, explicou que Alcobaça é uma das 20 autarquias que a associação está a sensibilizar, uma vez que é nestes 20 municípios que se concentram cerca de 500 produtores de Pera Rocha.
“Um ano de produção normal ronda as 200 mil toneladas [LER_MAIS]de Pera Rocha. Mas este ano tivemos menos de 100 mil toneladas, o que se traduz em perdas que podem ir de 50 a 80 milhões de euros para os produtores”, contabiliza Filipe Ribeiro.
Este foi o resultado de dois anos consecutivos de doença, que afectaram a produção, não só Erwinia amylovora, conhecida por fogo bacteriano, mas também Alternariose (Alternaria spp), Estenfiliose (Stemphylium vesicarium) e outras, cuja proliferação está relacionada com as alterações climáticas e também com as políticas estabelecidas pela União Europeia para combater as pragas, contextualiza o dirigente.
Doenças como o fogo bacteriano, que não têm impacto na saúde humana, levam à morte das plantas e podem destruir vastas áreas de pomar, realça Filipe Ribeiro. Embora a União Europeia tenha vindo a retirar do mercado muitos produtos que eram usados no combate a doenças e pragas, não tem vindo a lançar alternativas.
Com cada vez menos produtos à disposição e com temperaturas que não descem o suficiente para combater os inimigos das culturas, boa parte dos pomares sucumbe, alerta o presidente. A solução passa pelo lançamento de produtos alternativos por parte da União Europeia, mas também pelo apoio financeiro que permita aos produtores plantar mais árvores e reestabelecer os seus pomares.
Com explorações de Pera Rocha e de Maçã de Alcobaça, no concelho de Alcobaça, Filipe Ribeiro acrescenta que, no caso do fogo bacteriano, embora possa afectar a maçã, é sobretudo nesta variedade de pêra que a doença se manifesta com mais impacto.
Jorge Periquito, director da Frubaça, Cooperativa de Hortofruticultores de Alcobaça, também nota que o fogo bacteriano tem menos impacto nas macieiras do que nas pereiras. Ainda assim, a sua presença obriga a que os produtores de maçã tenham de fazer um trabalho intenso junto dos pontos onde a doença é detectada.
“É mais trabalho e mais despesa, que vem aumentar os custos de produção”, refere o director. Embora tenha registado uma redução da produção de maçã, Jorge Periquito associa as perdas sobretudo ao clima e aos picos de alta temperatura.