Nos últimos anos as empresas de pirotecnia investiram 70 milhões de euros para responder às exigências da legislação. As restrições ao lançamento de foguetes e de fogo-de-artifício “colocam em risco o sector”, aponta a Associação Nacional de Empresas de Produtos Explosivos (ANEPE), que diz estarem em causa cinco mil postos de trabalho.
“Esses serão os directos. Indirectamente, podemos estar a falar de 12 ou 13 mil”, acredita Válter Cardoso, um dos sócios da Pirotecnia Batalhense. É no Verão que esta empresa familiar assegura os rendimentos para “sobreviver no Inverno”, pelo que qualquer proibição de lançamento de fogos causa prejuízos.
Foi o que aconteceu no passado fim-de-semana. O responsável diz que a empresa sofreu um “rombo” na ordem dos 24 mil euros por não ter sido possível lançar fogos. “É muito para uma empresa como a nossa”.
Válter Cardoso frisa que as empresas de pirotecnia estão já sujeitas a uma série de regras de segurança que “têm de cumprir escrupulosamente”. Diz que têm sido “obrigadas a investir, mas depois não nos deixam trabalhar”. Para o sócio da Pirotecnia Batalhense, “foi precipitado proibir os fogos” no passado fim-de-semana. “Não houve foguetes nem fogos-de-artifício, mas o País ardeu na mesma”.
Em comunicado, a ANEPE salienta a sua “preocupação e o seu descontentamento” relativamente à proibição total de utilização de fogo-de-artifício ou outros artefactos pirotécnicos durante aquele período de situação de alerta devido às elevadas temperaturas.
“Tal como aconteceu no ano passado, o Governo volta a impor uma medida novamente desprovida de qualquer sentido prático, que se limita simplesmente a proibir sem ter em conta qualquer tipo de critério e sem informar previamente os representantes do sector”.
A associação lembra que “já existe um decreto-lei que restringe a utilização do fogo-de-artifício ou de qualquer outro material pirotécnico em zonas florestais, e que é respeitado pelas empresas do sector, não fazendo qualquer sentido generalizar a proibição quando existem zonas seguras, onde o risco é inexistente”, refere David Costa, presidente da ANEPE, citado no comunicado.
[LER_MAIS] Esta associação frisa que as empresas suas associadas têm vindo a fazer “um esforço financeiro enorme com o objectivo de se adaptarem e responderem às constantes alterações legislativas que visam garantir a segurança da sua actividade, instalações e funcionários”.
“Os meses de Julho e Agosto representam 70% do volume de negócio das empresas do sector [40 fábricas], e sendo este por norma o período de temperaturas mais altas e de maior risco de incêndio, significa que a probabilidade de o Governo estar a activar uma medida destas impossibilita a realização da actividade destas empresas, traduzindo-se em perdas de volume de negócios de quatro milhões de euros”.