O estudo de impacto ambiental (EIA) do troço da Linha de Alta Velocidade (LAV) que atravessa o distrito, entre Soure e Carregado, prevê a duplicação de parte da EN242, via que liga Leiria e Marinha Grande. De acordo com o documento, que está em consulta pública até ao dia 21 de Março, a construção de mais duas faixas de rodagem nessa via abrange o troço entre Leiria e o nó de acesso à A8/ A17, onde será construída uma nova rotunda, para garantir a ligação à futura estação, que nascerá na zona da Barosa, numa zona florestal entre os lugares de Vale da Arieira e Carreira D’Água.
Segundo o estudo, prevê-se que essa parte da EN242 possa ser “duplicada e transformada numa via de carácter mais urbano, com separador central relvado, passeio e ciclovia”. O objectivo é ligar a cidade de Leiria à “nova centralidade”, criada com estação da alta velocidade, “através de um eixo mais nobre”.
O estudo determina ainda que o acesso à estação, a partir da EN242, tenha características idênticas à duplicação de via da ‘estrada da Marinha’, “com carácter urbano, a ser devidamente enquadrado e desenvolvido no âmbito do plano de urbanização” para o local.
A duplicação parcial da EN242 é uma das exigências do Município de Leiria, que está a negociar com a InfraEstruturas de Portugal um conjunto de investimentos que permitam rentabilizar o projecto da alta velocidade.
Com quase meia centena de participações registadas até terça-feira no portal Participa, o EIA faz a análise de duas soluções de traçado: a opção A, mais a nascente, e a B, mais a poente. Segundo o estudo, esta última é a opção “mais favorável”, tendo em conta critérios como uso do solo, património, recursos hídricos e subterrâneos, ruído, vibrações, componente social e ordenamento do território e património.
O presente EIA actualiza a avaliação feita em 2007 pela ex-RAVE, com a introdução de algumas alterações propostas no âmbito da Declaração de Impacto Ambiental aprovada em 2009 e que, entretanto, caducou. Por exemplo, na zona da Benedita, “uma das mais complexas” pela densidade urbana, houve “ajustes” aos traçados, quer na solução A quer na B, de forma a afastá-los mais do centro escolar, da área de localização empresarial e do núcleo urbano.
Também na Maceira, os dois traçados foram afastados, um mais para poente e outro mais para nascente, de forma a evitar a afectação das captações de água de Porto Carro e da área de exploração mineral da fábrica de cimentos.
Em Regueira de Pontes foi introduzida uma terceira opção, “contornando mais por norte a zona urbana e sem passagem próxima ao Centro Social e Paroquial” da freguesia.
De acordo com o EIA, na zona do vale do Lis as duas soluções de traçado “aproximam-se para, no mesmo alinhamento”, atravessarem o perímetro hidroagrícola “através de um extenso viaduto com mais de três quilómetros, que permitirá depois também o atravessamento da zona de Regueira de Pontes, a norte do rio”.
Para cada solução de traçado, foi considerada e estudada uma faixa com 400 metros de largura. O estudo quantifica, “de forma preliminar”, as áreas a expropriar: 922 hectares, para a opção A (mais a nascente) e 945 hectares, para a opção B (mais a poente).
Com uma extensão aproximada de 115 quilómetros, o troço Soure-Carregado tem conclusão prevista para o final de 2032.