Reprovado pela população e pelos autarcas da Nazaré, o projecto de produção de hidrogénio verde da Rega Energy apresentou-se, segunda-feira, nos Paços do Concelho da Marinha Grande, mas com um novo formato.
Dada a dificuldade que a empresa sentiu em encontrar propriedades disponíveis na região, o projecto dispensa agora a criação de um parque solar ou eólico. Desta feita, o objectivo é criar uma fábrica de produção de hidrogénio verde na área de expansão da Zona Industrial de Casal da Lebre (na Quinta da Lagoinha), que irá reutilizar água da ETAR ali existente.
Através de tubagens idênticas às [LER_MAIS]do gás, sem impacto ambiental e ao longo de cerca de 10 quilómetros, o hidrogénio verde será fornecido às empresas da região. Sendo que, à partida, já manifestaram interesse as vidreiras BA Glass, Crisal, Vidrala e a cimenteira Secil.
A diferença em relação ao plano inicial é que, ao invés de criar um parque solar ou eólico, a Rega Energy está agora a negociar com os proprietários de parques já existentes, aos quais comprará energia.
Foi desta forma que, perante autarcas e empresários, Manuel Ferreira, da Rega Energy, sintetizou os contornos do projecto Hydrogen Valley.
Manuel Ferreira realçava como este “oferece uma alternativa de descarbonização às indústrias face aos combustíveis de origem fóssil”, permitindo, para já, “substituir 10% da energia fóssil consumida pelas quatro empresas, nas suas cinco localizações”.
O projecto, que representa um investimento de cerca de 100 milhões de euros e que criará 52 novos postos de trabalho directos, teve origem em 2021, com a criação do consórcio. No ano seguinte, foram iniciados os trabalhos de engenharia e licenciamento. O estatuto de Projecto de Interesse Nacional foi adquirido em 2023 e durante o terceiro trimestre de 2024 foi elaborado o estudo de impacto ambiental. O objectivo é iniciar a fase de construção no terceiro trimestre de 2025 para que, em Janeiro de 2027, se dê início à operação comercial.
“A descarbonização é algo mandatório”, frisou Manuel Ferreira, posição partilhada pelos representantes de várias indústrias presentes na sessão de apresentação. O consórcio sublinha que o tempo urge para cumprir as metas da União Europeia no que respeita à emissão de carbono.
Aurélio Ferreira, presidente da Câmara da Marinha Grande, manifestou a posição de “colaboração” do município com um projecto de tal importância, mas quis certificar-se de como irá este interferir com o ambiente, percebendo até “a turbulência” que anteriormente causou na Nazaré. A mesma preocupação mostrou Franklin Ventura, presidente da Junta da Moita, que questionou se o projecto levará ao corte de árvores para a instalação de painéis fotovoltaicos. “Não vamos ter produção [de energia solar] nossa. Portanto, só haverá painéis na cobertura da fábrica, cerca de 2,9 hectares”, tranquilizou Manuel Ferreira.