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Home Saúde

Prolongar a vida até ao último fôlego

Elisabete Cruz por Elisabete Cruz
Abril 1, 2022
em Saúde
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Prolongar a vida até ao último fôlego
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No edifício onde durante anos nasceram crianças, há um ano que se luta para dar mais dignidade à morte. Os profissionais de saúde que trabalham na unidade de internamento de cuidados paliativos do Hospital Bernardino Lopes de Oliveira, em Alcobaça, do Centro Hospitalar de Leiria, procuram que o último suspiro seja dado em paz e da forma mais feliz possível.

“É viver até na morte”, afirma Ana João Carvalho, médica coordenadora daquela unidade, que fez um ano de portas abertar no dia 15 de Março. “Melhorar a qualidade de vida em fim de vida” e “trazer vida até ao último momento da mesma” são um dos principais objectivos de uma equipa jovem, “coesa”, que não considera a morte algo banal e que procura cumprir os últimos desejos, de quem tem poucos dias de vida.

Nos cuidados paliativos “salvam-se vidas de outra forma”. “O medo não é lidar com a morte em si, é como morremos. Lidamos com os casos mais complexos, os que não têm cura e os que acarretam um sofrimento importante”, constata. A médica aponta para o problema do envelhecimento da população, “que acarreta muitas outras doenças crónicas, que muitas vezes são negligenciadas em termos de controlo de sintomas e de promoção de conforto e de qualidade de vida”. “Consideramos que os cuidados paliativos só são para doenças oncológicas. O caso das demências, por exemplo, das insuficiências respiratórias, cardíacas ou renais, são doenças que cursam também com um elevado sofrimento para o doente e para a família. Também aí os cuidados paliativos têm um papel muito importante”, sublinha.

Ana João Carvalho acrescenta que não é fácil lidar com a morte. “Nem é bom que a morte seja uma coisa leviana para nós. A morte, tal como o nascimento, são dois marcos de extrema importância e não devemos negligenciar nenhum dos dois. A morte é também um momento bonito e muito importante para a pessoa que está a morrer, que tem oportunidade de fazer uma revisão da sua vida, em sarar determinadas feridas, de resolver os problemas que tem pendentes”, adianta. Também é relevante para as pessoas que acompanham o doente, pois “têm oportunidade de se despedir, de não fazer um luto patológico e de ficarem em paz”.

Júlia fez no domingo 90 anos. Um dos seus desejos foi cumprido. Uma semana antes, quando o JORNAL DE LEIRIA visitou a unidade que a utente considera o “céu”, confidenciou que só queria fazer os 90 anos, “o último aniversário”, com a presença dos seus filhos e netos. “Depois posso morrer em paz”, desabafou, muito determinada. E no domingo, foi a casa festejar as nove décadas.

Com um problema oncológico, Júlia, que se orgulha de ter enfeitado ao longo da sua vida muitas igrejas em Leiria e Fátima, só tem elogios para a equipa dos cuidados paliativos. “Não pode haver melhor local. São carinhosos, até me levam ao colo se for preciso. Mais não podem fazer. Dava nota 20 a todos”, garante.

Os filhos que estão mais próximos visitam-na diariamente e os olhos brilham quando fala da “netinha com dois aninhos” e dos netos que são médicos, psicólogos e bombeiros. “Se tiver de morrer aqui fico bem. Não me falta nada. Não estou preocupada em morrer. Já estou a fazer conta disso. Tenho muito amor aos meus filhos e sei que eles também gostam muito de mim”, afiança Júlia, cuja alta está a ser preparada para breve.

Praia nos paliativos

Esta alegria e paz com que fala Júlia é como toda a equipa pretende deixar cada um dos utentes que chega à unidade. Por isso, os desejos são ordens. Uma doente que queria muito ver a praia, mas a sua condição física e clínica já não o permitia, não ficou sem a sua praia. Uma auxiliar, que reside junto ao mar, trouxe para o quarto da senhora uma réplica. Um garrafão com cinco litros com água do mar colocada numa tina, areia e conchas, permitiram recrear o cenário de uma praia. “Foi muito bonito. Muitas coisas partem da nossa imaginação”, assume Ana João Carvalho.

Muitos dos desejos têm a ver com “coisas que as pessoas querem comer”. Ou a família traz um “miminho” de algum sítio, aquela receita especial da mãe ou da mulher. Tudo tem porta aberta para entrar na unidade.

Mariana Vala, enfermeira, sublinha que o objectivo é “realizar, dentro do possível, os desejos de cada um”. Ir buscar um bitoque, comprar uma melancia em pleno Inverno, trazer uma tábua de queijos ou criar um lanche romântico, com crepes e gelado, para um casal de namorados, são alguns dos momentos proporcionados pela equipa.

Os doentes mais novos são os casos que mais marcas deixam na equipa. “Não é suposto estar a ver uma pessoa com 40 e poucos anos a definhar daquela forma. É desumano. Essas pessoas marcam-nos muito, mas também nos ensinam muito. Um dia destes, uma senhora fez-me prometer que nunca mais me ia esquecer dela”, recorda Mariana Vala, com as lágrimas a encheram os olhos.

Uma rapariga de 35 anos também tocou a equipa. Um cancro da mama matou-a, mas o amor presente do namorado não deixou ninguém indiferente, tal como a sua jovialidade. “Essa jovem morreu aqui connosco e marcou-nos bastante. Não só a forma de ser, porque tinha uma atitude perante a vida muito pragmática e sentido de humor, como a dinâmica familiar que havia à sua volta”, afirma Ana João Carvalho.

A médica recorda o momento em que o namorado equacionou levá-la para casa, onde poderia morrer, mas quando se apercebeu das dificuldades, disse à médica que “estava a ser egoísta”, porque queria que ela estivesse consigo. “Senti-me tocada, porque normalmente o egoísmo é ao contrário, é descartar os familiares no meio hospitalar”, constata.

Amor incondicional

O amor incondicional que presenciam contrasta com a morte com que são obrigadas a lidar na unidade. Ana João Carvalho avisa que “existe a ideia errada que os cuidados paliativos são para as pessoas irem morrer”. “É verdade que todas as pessoas que estão aqui, encontram-se com uma doença que é grave, incurável e rapidamente progressiva. Mas não queremos que as pessoas venham esperar pela morte. Queremos que venham para viver até ao último dia das suas vidas e com o máximo de qualidade possível”, destaca a médica.

Mariana Vala confessa que a verdadeira enfermagem é realizada na unidade de cuidados paliativos, porque não se baseia apenas na parte técnica. “Esta é a enfermagem a 100%. Não são só os procedimentos e as higienes, que também os há, mas temos disponibilidade para ouvir. Aqui sabemos muito da dinâmica familiar, com quem é que vivem, se se dão bem ou mal com os pais ou filhos, com quem gostariam de estar nos últimos dias. É muito gratificante, porque parece que conhecemos o doente no seu todo e conseguimos dar resposta a todas as suas valências”, diz a enfermeira.

Além da dedicação ao utente, a equipa dá apoio à família, que pode dar “tanto ou mais trabalho”.

“Aqui também temos visto o amor incondicional. Temos tido gente guerreira do início ao fim ao lado dos doentes e ficamos a pensar: se fosse comigo, conseguiria ter este apoio incondicional?”, sublinha.

Mariana Vala acrescenta que trabalhar nos paliativos “é muito difícil”, mas, apesar de ser um trabalho, que “ deita abaixo emocionalmente” cada profissonal, também sente o retorno dos agradecimentos e da valorização.

 

 

 

O número

281

utentes passaram pela unidade de internamento dos cuidados paliativos entre Março de 2021 e 28 de Fevereiro de 2022
Etiquetas: centro hospitalar de leiriaCuidados Paliativosenfermeirashospital de alcobaçamédicosmortesaúdesociedade
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