A região de Leiria registou um aumento do número de incendiários neste Verão, o que está a preocupar a protecção civil, que salienta que, dada a severidades das condições meteorológicas deste ano, os fogos não foram mais gravosos devido a uma rápida primeira intervenção.
Até 15 de Outubro, na área do Comando Sub-regional de Emergência e Protecção Civil de Leiria tinham ardido 233 hectares, resultado de 141 ocorrências de incêndios rurais.
O concelho de Pombal foi onde se verificou maior área ardida (108 hectares), seguido de Leiria (67), Alvaiázere (37), Batalha (10) e Ansião (6). “A severidade, em alguns momentos, foi superior a 2017. Foi das piores dos últimos anos, mas acabámos por ter uma área ardida ‘amigável’”, adianta Carlos Guerra. O comandante Sub-regional de Leiria assegura que a principal razão de não se terem verificado grandes incêndios está numa “primeira intervenção muito musculada”.
Segundo diz, “não houve nenhum incêndio que nos primeiros 20 a 25 minutos não tivesse no terreno entre 30 a 50 operacionais e dois meios aéreos”. “Sempre que as condições nos permitiam no primeiro momento garantíamos a mobilização de parelhas de avião, o que levou a que tivéssemos incêndios activos com menos de uma hora”, acrescenta, revelando uma grande preocupação com as causas dos incêndios, uma vez que o número de fogo posto tem vindo a aumentar.
“Este ano 48% das ocorrências são imputadas ao incendiarismo. Na última década, eram 42%. Estamos a evoluir no mau sentido, o que é uma grande preocupação”, sublinha Carlos Guerra, que revela ainda que continuam a verificar-se muitos incêndios provocados por negligência, nomeadamente por queimas e queimadas, utilização de maquinaria, entre outras, que totalizaram, este ano, 29% das ignições.
“Temos 77% de causas que são de origem humana. Este é um valor que temos de baixar. Tem-se apostado muito na sensibilização e na prevenção. O trabalho da GNR tem dado alguns resultados. Conseguimos baixar de 27% para 15% os incêndios relacionados com as queimas e queimadas, mas todos estes números ainda são muito preocupantes”, reforça.
Não obstante, o número de ocorrências tem vindo a diminuir: em 2023 registaram-se 214 fogos e em 2022 o número ultrapassou as três centenas (308), mais do dobro das 141 deste ano. O comandante alerta, contudo, para a severidade meteorológica, que “quando é grave proporciona uma propagação extrema dos incêndios, o que impede combatê-los na cabeça do fogo”.
“A meteorologia é algo que não controlamos. Tem-se investido muito nos equipamentos de combate, mas é preciso investir mais e colocar os nossos recursos na sensibilização e prevenção. Estamos cada vez mais dotados de equipamentos tecnológicos, que são essenciais no apoio à decisão e detenção, nomeadamente, a videovigilância, os drones, equipamentos de modelação e de previsão.”
Em jeito de balanço, Carlos Guerra atribui o sucesso do combate “aos operacionais no terreno” e “a grande vitória deste ano foi não se terem registado feridos graves”.
Investimento de 2,9 ME