Muito se tem escrito e falado sobre o novo presidente dos EUA, Donald Trump, da sua estratégia global em domínios da política, da economia e do comércio internacional, das alianças, bem como das tropelias internas quanto a imigração, refugiados, construção de muros, entre uma panóplia inesgotável de intenções que amaçam subverter a ordem política e económica internacional a que estávamos habituados desde o final da II Guerra Mundial.
Desde essa altura tivemos praticamente 70 anos de pax americana com todas as pedras bem arrumadas no tabuleiro de xadrez e, à conta de uma pretensa ameaça de nova guerra nuclear entre os EUA e a União Soviética, desenvolveu-se o gigantesco complexo militar industrial dos EUA, com a virtude de gerar inovação e competências que fizeram avançar o mundo em termos de indústria, computação, comércio, logística e serviços de toda a ordem e criaram-se inúmeros empregos qualificados nas agências de inteligência militar e civil e outras organizações porque, afinal, existia a Terra do Mal, ou seja, a União Soviética, e era preciso estar sempre preparado para a combater.
Mas, como ninguém queria mexer no tabuleiro de xadrez que poderia alterar esta situação de “agarra-me, se não carrego no botão vermelho”, inventaram-se umas guerras secundárias, como a do Vietname, para dar escape a tanto militar farto de beber cerveja e jogar às cartas nas casernas, experimentar a eficácia dos artefactos [LER_MAIS] militares e esgotar os que já estavam quase fora do prazo de validade.
Neste cenário, a Europa entrou no modo de “bem-bom”: criou o Estado Social, passou a tirar férias em sítios exótico, criou benesses, mas quanto a defesa, nada ou muito pouco. Contavam com o amigo americano para os defender. Só que agora parece que vão ter de contribuir para esse peditório.
Donald Trump é um louco e um ignorante que gosta de brincar com o fogo? Duvido. Começo a pensar que é o percursor de uma nova ordem internacional, com fronteiras, sem Estado Social, com democracias musculadas ou mesmo autocráticas.
Para isso, vai aliar-se ao seu amigo Putin e, um de cada lado, vai asfixiar a Europa e tirar de órbita a China. Nós, por cá, vamos discutindo o problema estratégico da carreira dos professores.
*Economista