A qualidade da água dos rios Lis e Lena nos troços que atravessam o concelho de Leiria, melhorou nos últimos três anos, mas ainda há pontos críticos, com valores elevados de contaminação pelas bactérias e-coli e enterecocos (referentes a bactérias intestinais). Esta é a conclusão da monitorização feita pelos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento (SMAS) de Leiria em 15 pontos, desde a nascente aos campos do Lis e no troço citadino do rio Lena, com um total de 23 colheitas em cada um dos locais.
Entre os pontos críticos identificados no relatório das análises, apresentado na última reunião de câmara e no Conselho Municipal do Ambiente, está a confluência dos dois rios, na zona da Ponte das Mestras, bem como os dois pontos de monitorização do rio Lena junto a Porto Moniz (um no Parque Verde e outro a montante).
De acordo com os dados, no local de junção do Lis e do Lena chegou a registar-se o valor de 1.986.000 e.coli por 100 mililitros (ml), quando o valor “razoável” se situa entre os 2.000 e os 20.000. Nesse ponto, a média das 23 colheitas cifrou-se em 101.741, ou seja, bem acima do limite legal.
O mesmo se passou nos dois locais monitorizados no rio Lena onde as análises chegaram a detectar 774.600, no ponto designado por ‘Pinheiros’, e 436.200 junto ao Parque Verde.
“À medida que nos afastamos da nascente [do Lis], os resultados vão sendo piores”, constata Luís Lopes, vereador do Ambiente, que, durante a reunião de câmara, assinalou a “tendência de melhoria da qualidade da água” dos troços de rios analisados, assumindo, no entanto, a persistência de alguns pontos “críticos”, nomeadamente, a zona de confluência dos dois rios, onde se registaram “picos de contaminação”, alguns dos quais, “advêm dos resultados do rio Lena”.
“Não queremos dizer que o problema é do Lena. Não é nada disso. Interessa-nos é perceber onde é que efectivamente temos os problemas para conseguir actuar. Mas não temos conseguido identificar as fontes poluidoras”, reconheceu o autarca, em declarações ao JORNAL DE LEIRIA.
Descarga de emergência da ETAR
Os dados divulgados evidenciam também “alguns picos” a jusante da ETAR das Olhalvas, que, segundo o vereador do Ambiente, estão “relacionados com as descargas de emergência” efectuadas por esta estrutura de tratamento. “Temos períodos em que há afluências da ETAR ao rio sem que a água seja tratada”, revelou o autarca, ressalvando, no entanto, que esse tipo de descargas “está previsto em Lei quando os caudais são mais elevados” e “tem vindo a reduzir”, acontecendo “cada vez menos”.
Apesar dessa evolução positiva, Luís Lopes defende que a ETAR deve introduzir sistema de desinfecção, de forma a “aumentar a eficiência do tratamento”. De acordo com o vereador, o trabalho de monitorização, iniciado em 2022, tem permitido identificar fontes de “poluição difusa, ligações indevidas, quer domésticas quer industriais, e avarias e danos nas infra-estruturas”, problemas cuja resolução tem contribuído para a melhoria geral dos resultados das análises.
Há, no entanto, “muito trabalho a fazer”, assume Luís Lopes, que salienta a necessidade de continuar a identificação de focos de poluição, a melhoria das infra-estruturas de saneamento básico e o reforço da fiscalização e da monitorização, com sistema de sensores permanentes.