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Quando eu quero e não consigo

Cláudia Camponez, psicóloga educacional por Cláudia Camponez, psicóloga educacional
Agosto 10, 2020
em Opinião
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Todos conseguimos nomear algum colega de escola que era mais desbocado e que facilmente deixava a turma, pais e professores em alvoroço. Ora porque não parava quieto, ora porque não cumpria instruções, ora porque não conseguia esperar pela sua vez, ora porque interrompia e se intrometia, ora porque era falador… e estávamos nisto o dia todo! Basicamente, era aquele miúdo descuidado e precipitado, que armava confusão, se esquivava de qualquer tarefa que exigia esforço mental e que na opinião dos professores desperdiçava o seu potencial de aprendizagem. Era o chamado Chico Esperto, Palhacinho, Preguiçoso, Mandrião, que assim que podia se pisgava das lides académicas.

Na altura, muitas vezes, a solução era ir trabalhar para ganhar tino, ou então, seguia-se aos tropeços de ano para ano, com chamadas de atenção constantes e com fraca rentabilização da capacidade intelectual. Felizmente, hoje em dia já existem outras respostas para estes colegas de carteira que continuam a existir nas escolas. Não que trabalhar faça mal a alguém, atenção, mas as alternativas anteriores apenas consumiam o amor próprio. Hoje, sabe-se que este perfil comportamental tem uma razão de ser e não é, na maioria dos casos, propositado nem o resultado de falta de educação. Trata-se de uma incapacidade, na altura incompreendida, mas hoje em dia bem aceite e bem fundamentada pela comunidade científica, que não deixava estes alunos serem de outra forma, mesmo que quisessem. Era o crescer a acreditar que não davam para a escola, mas ao invés, era a escola que não dava para eles. Era a famosa PHDA (Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção) ou PDAH (Perturbação de Défice de Atenção e Hiperatividade) ainda sem a conhecermos bem.

Esta perturbação de elevada prevalência e da qual toda a gente fala, muitas vezes sem conhecimento de causa, é uma perturbação de origem neurológica marcada por alterações ao nível da atividade do lobo frontal. Isto acontece, em parte, devido aos baixos níveis de um neurotransmissor chamado dopamina que mexe com o nosso comportamento, com a gestão das nossas emoções, com a organização do tempo, com a definição de prioridades, com o controlo dos nossos impulsos… ou seja, a nossa “central de controlo”, que nos permite funcionar de forma organizada e ponderada, funciona tipo ligação telefónica com interferências e os nossos circuitos atencionais, reflexivos e inibitórios estão sujeitos a constante alteração. Traduzindo por miúdos, podemos ser: – desatentos e hipotecar as aprendizagens e desempenhos; – hiperativos / impulsivos e agir sem pensar nas consequências daquilo que fazemos; – ou ser isto tudo ao mesmo tempo. Eu, por exemplo, julgo ter uma boa dose de desatenção e em certas situações, auto instruo-me no sentido de “Cláudia, vê se estás com atenção se faz favor!” Peço com jeitinho que eu gosto pouco de gritarias, mas mesmo assim a determinada altura desligo. É automático e involuntário.

Eu estou lá, mas atenta a tantos outros estímulos que não consigo ignorar. Penso também que alguns dos meus amigos são a versão adulta de PDAHs. A alguns fui acompanhando a história clínica desde sempre, lado a lado nas salas de aula, a outros vou agora encontrando pequenos sinais que vão ao encontro dos critérios de diagnóstico. Um desses amigos, há uns tempos, ligou-me a dizer que tinha descoberto que em criança/jovem tinha tido estas dificuldades e que, inclusivamente, ainda hoje as notava em contexto laboral e na vida pessoal, e que agora, finalmente, tinha percebido que a culpa da sua má relação com o pai, com os estudos e com a frustração tinha uma explicação. Foi uma lufada de ar fresco ele ter percebido o seu perfil de funcionamento. A carga que carregava há anos ficou mais leve e as suas inquietações abrandaram.

É que crescer a ouvir que não somos bons ou que podíamos ter sido melhores faz mossa e molda toda a imagem que temos de nós próprios. Nem todos temos a resiliência nos píncaros e dói crescer sem soluções e sentir que nunca somos o que é preciso ser. Evitem-se por isso comentários e olhares reprovadores aquando de alguns disparates, pois a própria criança tem noção da sua falta de autocontrolo e de nada adianta mais um ralhete. Será só mais um a juntar à coleção, com francas implicações na sua saúde emocional. Então o que fazer quando um miúdo se porta mal? Quando a coisa é bem feita (diagnosticada) e se excluem outros fatores, é urgente modificar a perspetiva de olhar estas crianças, habituadas desde cedo a fracassarem e a serem responsabilizadas por isso, como se não estivessem em desvantagem em relação aos seus pares. Se ele quisesse portava-se bem, dizem uns.

Experimentem lá vocês, míopes como eu, a ver ao longe sem óculos. Não dá, né? E quando não dá, o que fazemos? Pedimos ajuda. O comportamento também pode vir estragado e também pode ser consertado e quanto mais cedo se tratar disso melhor. Se fosse meu filho… No meu tempo não havia nada disto… No seu tempo havia uma régua que não servia para medir, uma mão pesada que não afagava o ego e outra escolaridade obrigatória que libertava estes miúdos de uma escola sem soluções. É tão bom ser empático e não julgar antes de conhecer a história toda. Lembrem-se disto, uma criança mal comportada pode, na realidade, ser muito bem educada.

Etiquetas: Cláudia Camponez
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