Na região de Leiria, 90% das empresas são familiares, uma percentagem mais elevada do que a média nacional, que ronda os 70%.
Os dados foram apresentados por Inês Lisboa, investigadora do Politécnico de Leiria e membro de um grupo de trabalho da associação empresarial Nerlei relativo a esta temática, durante um almoço realizado esta terça, onde se debateu a importância dos fundadores nas empresas familiares.
Ora, de acordo com os resultados de um inquérito que este grupo de trabalho tem vindo a fazer junto das empresas familiares da região, 46,3% delas ainda estão a ser geridas por quem as criou.
“Há dificuldades em delegar responsabilidades”, alertou Inês Lisboa, afirmando que o desejável seria que a segunda geração passasse a ter um papel mais activo nas empresas a partir dos 24 anos destas.
Decisões rápidas e flexíveis, relações próximas com os colaboradores e de longo prazo com clientes e fornecedores e uma cultura e valores sólidos são alguns dos pontos fortes destas empresas.
Os principais desafios identificados prendem-se com a necessidade de inovar para manter a liderança no mercado, a continuidade do negócio na família, a gestão de conflitos familiares e a necessidade de profissionalizar o negócio.
“Fundador é o que lança a passadeira para os mais novos, que quando chegam à empresa encontram muita coisa preparada”, disse António Nogueira da Costa, responsável pela EF Consulting, lembrando que em Portugal a mortalidade das empresas, ao fim do segundo ano, é de 50%.
Racionalizar a emotividade nas decisões e gerir os egos de cada elemento da família são dois dos desafios que se colocam nas empresas familiares, onde o fundador costuma tomar decisões de forma isolada.
[LER_MAIS] “Conseguir fazê-lo em equipa não é fácil”, mas os têm de tentar perceber que a entrada de uma nova geração, por norma com mais formação, “pode ser uma excelente oportunidade para uma inflexão no negócio”.
E como família e empresa muitas vezes se confundem neste tipo de sociedade, é aconselhável que se implemente um protocolo familiar. Foi também sobre isso que José Nicolau, administrador da Nigel, falou no evento. Aquele que o empresário, a mulher e os filhos estabeleceram “define regras para tudo”.
Por outro lado, foi constituída uma SGPS cujos proprietários são os seis filhos, mas onde os fundadores têm direitos de usufruto. “Estou convencido que não iria haver problemas [na sucessão dos negócios], mas não faria sentido que fechasse os olhos de um momento para o outro e não deixasse as coisas organizadas e definidas”.