Num momento em que nos aproximamos do final de ano, fomos confrontados com mais uma tragédia em Portugal: o desabamento de uma estrada municipal em Borba, arrastando viaturas para dentro de pedreiras levando à morte de quatro pessoas.
E perante este cenário, onde até se construiu uma via alternativa para evitar a perigosidade da ligação entre Vila Viçosa e Borba, com escassos quilómetros, hoje a pergunta que mais se faz é: como foi possível? Mas para ter sido possível, a interrogação seguinte é: quem é responsável por estas mortes?
À boa maneira portuguesa, parece que a culpa irá morrer solteira, apesar de estar identificado o risco desta estrada há vários anos, quer pelos serviços regionais da respectiva tutela quer pela Câmara Municipal, sendo que ninguém parece querer assumir as devidas responsabilidades!
Mesmo sabendo que esta estrada foi transferida do Estado central para a Autarquia Local há mais de 10 anos, mas onde, seguramente, a perigosidade já era uma evidência, faltou, com toda a certeza, a transferência de meios financeiros para que a Autarquia conseguisse fazer uma intervenção com impacto relevante!
Neste espaço já alertei para o processo de descentralização de competências, onde ainda não se conhecem os envelopes financeiros subjacentes às transferências do Estado central para as Autarquias!
Em Monchique ainda se espera pelos justos apoios, [LER_MAIS] designadamente a pequenos agricultores, onde a excessiva burocracia perante valores tão marginais não é amiga da reposição da normalidade depois da tragédia dos incêndios.
Mas, para que não fiquem com grandes expectativas, basta olhar para a situação em Pedrógão Grande ou nos concelhos dos incêndios de Outubro do ano passado, onde tanta coisa continua por fazer.
E não é apenas no que diz respeito às Autarquias ou ao apoio às empresas é, também, por exemplo, na fraca execução do processo de reflorestação do Pinhal de Leiria, da responsabilidade do Estado Central!
Ou, para nossa estupefacção, perante os vários processos judiciais, seja na banca, política ou futebol, que se arrastam há demasiados anos, mesmo após as sentenças que se vão conhecendo, ainda existem subterfúgios legais para prolongar os processos até à decisão final, que nunca sabemos quando será!
Ou ainda alguns não quererem dar a devida importância à “tourada” entre o líder parlamentar do PS, Carlos César, e o primeiro-ministro, António Costa, com o líder do Governo a ser desautorizado pela sua bancada, questionando-me sobre o que seria desta cena se tivesse lugar, por exemplo, no grupo parlamentar do PSD? Querem apostar quantas primeiras páginas?
Bastava uma: César-43 Costa-40! Mas, enfim, vivemos num País em que a Ministra da Cultura, Graça Fonseca, se sente bastante confortável e satisfeita por estar vários dias na Feira do Livro em Guadalajara, no México, e desta forma não ter que ler jornais portugueses! Está tudo dito!
*Presidente da Comissão Política Distrital do PSD Leiria