Um homem de 31 anos, que aqui identificamos como RMV, acumula várias denúncias de alegadas burlas, mas continuará a prática do crime, tendo nos últimos dias lesado mais uma pessoa em 1.800 euros.
“Existem diversos processos a decorrer” contra o suspeito, “o qual está associado à prática de diversos crimes, como desobediência, furto simples, burla simples (com fraude bancária) ou abuso de confiança, possuindo várias condenações com penas de multa”, confirma ao JORNAL DE LEIRIA o comandante distrital da PSP, José Figueira.
Na semana passada, D., um estrangeiro a residir há quatro anos em Portugal, procurou arrendar uma casa nos Parceiros, em Leiria. Viu um anúncio no site Idealista e contactou a pessoa.
O alegado burlão mostrou-lhe o apartamento e pediu-lhe 1.800 euros, que incluía o valor da caução. Redigiram um contrato e o valor foi entregue. No entanto, a chave nunca apareceu.
D. procurou identificar o alegado burlão e chegou a uma imobiliária da cidade, que confessou ter entregado a chave ao homem, ainda antes de fazer um contrato de trabalho com o mesmo.
Além disso, foi-lhe dito que o apartamento em causa não estaria para arrendar, mas sim para venda. Ao perceber que tinha sido burlado, D. apresentou queixa na PSP de Leiria e está revoltado com a incapacidade das autoridades para travarem o alegado burlão.
“Como é possível haver tantas queixas, há denúncias na polícia e ele continua na rua a burlar pessoas? A única coisa que eu quero é travá-lo para que outros não sejam burlados como eu. O dinheiro admito que não voltarei a reaver”, afirma D. ao JORNAL DE LEIRIA.
O lesado iniciou por sua conta várias diligências que o levaram a ter conhecimento de outras burlas também numa outra imobiliária. Foi ainda informado que o homem fará deste tipo de crime o seu modo de vida.
A PSP adianta que, após ter sido alertada de uma eventual nova burla a outro casal, interceptou o suspeito quando aquele se dirigia para o LeiriaShopping “com as potenciais vítimas, onde iriam fazer cópias das chaves do imóvel e efectuar o pagamento da caução solicitada pelo mesmo, não tendo sido detido em flagrante”.
“Existem, recentemente, dois inquéritos em curso na Esquadra de Investigação Criminal de Leiria, existindo outras denúncias anteriores. Efectivamente, confirma-se que o homem continua a sua actividade ‘profissional’ de burlão”, reconhece José Figueira.
Segundo o comandante, a polícia pouco mais pode fazer, “além das acções de sensibilização efectuadas (de forma geral) nesta temática”. “Apenas mediante uma alteração das medidas de coacção aplicadas (ao mesmo foi aplicado Termo de Identidade e Residência pelo Tribunal de Leiria) poderá impedir a continuação da prática de outros ilícitos”, diz.
Ao pesquisar pelo nome do suspeito na internet, o JORNAL DE LEIRIA deparou-se com uma mão cheia de denúncias, de Norte a Sul do País, de pessoas que afirmam ter sido burladas na aquisição de telemóveis ou electrodomésticos.
De acordo com os testemunhos, muitos publicados em Fevereiro e Março deste ano, RMV mostra-se “muito prestável”, envia fotografias dos produtos e até a localização de uma loja física. Após ser feito o pagamento, por vezes, através de referência bancária, a pessoa é bloqueada.