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Edição 1124
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2020 parecia um ano normal. Com a nossa agenda bem preenchida estávamos desejosos por regressar aos palcos.
O Pedro aproveitou os primeiros meses do ano e foi até Cabo Verde acalmar as saudades da família.
Em Março começámos a receber os primeiros telefonemas, a ver os concertos mais próximos cancelados. As ligações aéreas entre Portugal e Cabo Verde foram interrompidas. Sem perceber se isto seria uma situação transitória fomos aguardando, assistindo impotentes ao que se passava no mundo.
Hoje somos uma banda dividida entre dois continentes, uma das inúmeras bandas paradas, à espera do que o futuro trará.
Sem data de regresso aos palcos decidimos fazer aquilo que podíamos fazer separados: gravámos pedaços. Uma voz em São Filipe na Ilha do Fogo, Cabo Verde. Uma bateria e teclados em Coimbra. Mais teclados, baixo e guitarra em Leiria. Cada um em sua casa, na sua cidade, no seu país, no seu continente.
O que fizemos depois é de longe o mais importante. Juntámos esses pedaços e fizemos algo que separado não existia. É essa a essência de uma banda, não existir em separado mas como um todo.
Este é o nosso contributo, a nossa metáfora para o mundo.
Com quase 20 anos de existência, somos uma banda multicultural e multirracial.
Partilhamos a mensagem de esperança, consciencialização e de luta contra a injustiça, presente nas palavras dos artistas que interpretamos.
Apropriamo-nos delas, tornamo-las nossas. São o nosso estandarte.
Temos uma posição clara de repúdio contra qualquer tipo de discriminação racial, de género, de identidade ou orientação sexual, ou religiosa.
Estes acontecimentos recentes pedem reflexão, gritam por mudança. Nas palavras do Bob Marley estamos “sentados numa bomba-relógio”.
Quem não se manifesta contra o mal, compactua com ele. Está na hora de tomarmos uma posição.
Esta é a nossa interpretação do clássico do Rei Bob Marley, So Much Trouble In The World.
Ajudem-nos a espalhar a palavra.
