Era assessor para a juventude na Câmara de Leiria. Sai porque já não tem idade para ser boy?
Ahahahah. Boy no sentido de jovem, certo? Jovem serei a vida inteira. Saio por vários motivos, porque vejo a política de forma disruptiva, quero outros desafios, focar-me no doutoramento e já dei quatro anos da minha vida à causa pública. No entanto, a política é a minha paixão, logo não ponho de parte que um dia volte à CML.
Nunca viu a política como um plano de mobilidade?
Quando fui convidado por Raul Castro para ser um dos gestores da campanha autárquica do PS e, posteriormente, para ser adjunto na CML, demiti-me da Blink Eye porque desde criança um dos meus sonhos é poder aplicar soluções que melhorem a vida dos cidadãos. Mas sim, há quem fique demasiado dependente de cargos políticos.
Por falar em mobilidade: no karting joga pelo seguro ou ultrapassa pela direita?
No karting, ao contrário da política, vou por onde der.
A paixão pela velocidade fica nas pistas ou é uma maneira de estar na vida?
Fora das pistas, a minha namorada diz que só precisava que eu parasse um pouco, por isso talvez seja forma de estar.
Escolha uma palavra para casar com carreira: Mobilis, mar, partido.
Casar só com a Filipa Pereira.
Os bastidores da Câmara de Leiria assemelham-se mais ao House of Cards ou ao Sim, Senhor Ministro?
A maioria das pessoas acha que é House of Cards mas é mais Sim, Senhor Ministro. Por mim, desde que nunca seja Breaking Bad tudo bem.
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Já consultou as estrelas para saber o que o futuro lhe reserva?
Adoro astronomia, abomino astrologia.
Como é que mantém vivo esse interesse?
Desde cedo via com os meus pais o Cosmos do Carl Sagan e agora com o Neil deGrasse. Do tempo que tenho, dedico uma boa parte a ler artigos e vídeos sobre descobertas científicas, melhoria da compreensão do universo, a forma como vamos confirmando que Einstein estava correcto em quase tudo com a teoria da relatividade geral, etc.
É agora que vai aplicar a licenciatura em Direito?
Para desgosto da minha mãe, é pouco provável.
Depois da universidade, como é que acabou a processar o bastonário da Ordem, Marinho e Pinto?
Quando concluí o mestrado, o bastonário tinha criado um exame de entrada na ordem que era inconstitucional e, quanto a mim, era uma tentativa de controlar a oferta de advogados no mercado. Eu e mais algumas pessoas processámo-lo.
Está-lhe agradecido? Ou aborrecido?
Quando aquilo sucedeu ficámos parados uns meses e fui convidado para trabalhar na MyDesign, uma agência de comunicação em Leiria que me ajudou a perceber o quanto gosto de comunicação, marketing e design.
Sente-se mais marketeer do que advogado?
Sinto-me mais muita coisa do que advogado.
Quando jogava a ponta esquerda nos escalões jovens de andebol já lia Saramago e militava no PS?
Já lia Saramago, é o meu escritor favorito desde que me lembro, mas só me juntei ao PS em 2008, quando estava na faculdade.
E se lhe pedissem também jogava à direita?
A polivalência, no desporto, é uma mais-valia.
Livro favorito? Levantado do Chão?
Poderia ser. Esse livro é óptimo. Saramago fez um excelente trabalho de descrição da opressão fascista e religiosa e ao mesmo tempo mostrou a sua ideologia de esquerda. No entanto, o meu favorito é outro: Ensaio sobre a Lucidez.
E um filme?
Adoro o Dark Knight, Inception e Interstellar e alguns de Dennis Villeneuve. Gosto muito de Star Wars, Star Trek, Indiana Jones e Jurassic Park, mas a resposta é Magnólia. É um exercício espectacular da procura de um sentido transcendente para a vida. Sentido esse que eu acho que não existe.
Responda com honestidade: o ponta esquerda foi importante para o título de campeão regional em 95/96?
Teríamos que perguntar ao treinador da UDL mas não era nenhuma estrela e o andebol não era a minha grande paixão, era o futebol…
Prefere perder no karting ou nos jogos de futsal com amigos?
No karting.
Ajudou a fundar o SPEAK, a Associação Fazer Avançar, o Rotaract de Leiria, passou pela direcção do Orfeão. Ainda tem tempo para o voluntariado?
Quando fundámos a AFA e o SPEAK vivi dos momentos mais felizes da vida. Era excitante ver que algo que eu e outros voluntários tínhamos ajudado a criar do zero estava a resolver problemas sociais e a melhorar a vida das pessoas, era como se estivéssemos a fazer política mas sem as partes más. No Rotaract, criámos a Mini-Maratona de Leiria que ainda hoje existe. Quando fui convidado para a direcção do Orfeão, a instituição passava por dificuldades que hoje em dia foram minimizadas pelo bom trabalho da equipa do Acácio de Sousa. Mas sim, ainda tenho tempo e vontade para o voluntariado.
O que é que o faz avançar?
Fazem-me avançar projectos sérios, sejam eles sociais ou business. Faz-me avançar rir com os meus amigos. Faz-me avançar gente honesta e frontal. Faz-me avançar a vontade de crescer e viver.