Mais de duas dezenas de empresas, que ao longo dos anos se foram instalando na zona industrial dos Andrinos, às porta da cidade de Leiria, ainda não dispõem de saneamento básico. A solução é recorrer a fossas e ao seu despejo através de cisternas. Uma situação “inaceitável”, alegam os membros da Assembleia Municipal que, na última sexta-feira, aprovaram, por unanimidade, uma recomendação apresentada pelo Chega, que pede à câmara a resolução do problema.
O executivo, pela voz do vereador das Obras, Ricardo Santos, garante que o projecto está em execução, mas ainda não há uma data para o início da intervenção, que ascenderá a dois milhões de euros.
Frisando que a situação se arrasta “há vários mandatos” e que “não é responsabilidade deste executivo”, Luís Paulo Fernandes, eleito do Chega, criticou a demora na sua resolução. “É uma vergonha que não tenhamos saneamento numa zona industrial. Não pode haver empresários de primeira e empresários de segunda, sem que se perceba por que não se resolve o problema”, disse o deputado, que no texto inicial da recomendação defendia a isenção de impostos para as empresas afectadas até que fosse disponibilizado o serviço de saneamento. Essa proposta acabou, no entanto, por ser retirada do texto final.
Também Joana Cartaxo (PCP) considerou “urgente” resolver o problema, que “é gravíssimo”. “Não se compreende que em Leiria haja populações e empresas ainda sem serviço de saneamento”, acrescentou Manuela Pereira (BE).
José Cunha, presidente da Junta da União de Freguesias de Leiria, Pousos, Barreira e Cortes, assumiu que esta é uma “preocupação” do seu executivo, que há anos vem reivindicando a obra junto da câmara. “É uma zona que está em expansão. No passado, terá faltado algum planeamento. Foi crescendo, com consentimento da câmara, sem o devido ordenamento”, salientou o autarca, reconhecendo que “é um projecto difícil”, devido à inclinação da zona e às dificuldades de escoamento.
O vereador das Obras adiantou que os Serviços Municipalizados de Água e Saneamento (SMAS) estão, em conjunto com o município, a desenvolver um projecto para aquela zona que contempla, não só o saneamento, mas também o sistema de pluviais, a substituição da rede de água e o enterramento das infra-estruturas de comunicação.
“Queremos dar outras características a esta zona industrial, que foi crescendo de forma desordenada, para que possa potenciar a criação de outras unidades empresariais”, afirmou Ricardo Santos, revelando que também está em curso o projecto para a zona industrial da Carreira de Água, na Barosa, “ainda sem saneamento”.
Segundo o presidente da câmara, a obra dos Andrinos custará perto de dois milhões de euros. “É um projecto complexo, que vamos executar”, prometeu Gonçalo Lopes.