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As conclusões não são propriamente uma novidade, mas a verdade é que, por mais que se denuncie e alerte, o “consumo descontrolado” da internet e das redes sociais continua a contribuir para o perigo da alienação social e a promover padrões de comportamento assentes em relações superficiais, em muitos casos falseadas e ilusórias.
Segundo um estudo financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia em parceria com o Instituto para os Comportamentos Aditivos e as Dependências, divulgado esta semana, das cerca de 1.700 pessoas que participaram no inquérito, uma em cada 100 apresentou sintomas de dependência da internet e das redes sociais. Ou seja, manifestou a necessidade compulsiva de estar online, particularmente nas redes sociais, “como obtenção de prazer”, para atenuar sentimentos de frustração ou ansiedade.
Os investigadores identificaram ainda casos de “hipocondria digital” – a procura na internet de informação sobre uma doença que muitas vezes pode ser contraditória e colocar o utilizador em situação de desespero – e situações de “depressão Facebook”, originadas pela ausência de redes sociais e a consequente angústia de não se conseguir acompanhar o que está a circular na rede.
Embora este estudo não o tenha abordado, sabe-se também que as redes sociais, por vezes, tornam-se terreno fértil para discursos de ódio e de desinformação, prejudicam a qualidade do debate público e proporcionam a formação de bolhas sociais, onde as pessoas são expostas apenas a perspectivas semelhantes às suas, o que faz aumentar a alienação em relação a ideias divergentes.
Percebe-se, por isso, a tristeza da actriz Jani Zhao, a entrevistada desta semana, perante as falsas ‘personalidades’ fomentadas pelas redes sociais. As pessoas assumem padrões estéticos e comportamentais movidos apenas pelo desejo de popularidade virtual e acabam por não dar valor à cultura, que “é aquilo que nos agarra, que faz parte da identidade de um povo, de uma sociedade e de uma nação”.
