Em 2023, a região (os 16 concelhos do distrito de Leiria+Ourém/Fátima) registou quase três milhões de dormidas (2.941.593).
Segundo os mais recentes dados provisórios recolhidos pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) e divulgados pelo Turismo Centro de Portugal, o concelho de Ourém, sozinho, alcançou mais de 1,1 milhões de dormidas (1.150.630).
Somados, os restantes municípios contabilizam 1.790.663 pernoitas.
Ainda sem os números definitivos apurados, o Turismo Centro de Portugal anunciou que 2023 foi um ano de grande crescimento nas dormidas.
Nos 100 municípios que estão agregados sob esta entidade regional, foi registado um “aumento significativo” de 11,6% em comparação com 2019, o ano de referência na actividade turística no Centro de Portugal.
“Se compararmos com 2022, a subida é ainda mais impressionante, na ordem dos 11,9%”, anuncia o Turismo Centro de Portugal, avançando que as estadas agregadas chegaram perto dos oito milhões, no ano passado.
Anabela Freitas, vice-presidente do Turismo do Centro de Portugal reconhece o contributo do turismo religioso para os resultados no turismo da região.
“Em 2023, a procura turística da região Centro cresceu acima da média nacional. Foram oito milhões de dormidas, dos quais 1,5 milhões na sub-região do Médio Tejo. Este crescimento não se pode dissociar daquilo que é o efeito Fátima e a influência que tem nos números da região.”
Perante este cenário, os cerca de três milhões de pernoitas registadas na região (os 16 concelhos do distrito de Leiria+Ourém/Fátima) correspondem a 37,5% do total referido pela entidade de gestão turística.
Os dados disponibilizados mostram ainda que, no distrito de Leiria, o concelho de Leiria é aquele que concentra maior número de noites, com 306.849 dormidas, ou seja mais 3,22%, do que as 296.946 registadas em 2022.
Seguem-se Óbidos, com 295.581 dormidas, e Peniche, com 280.765 dormidas.
Embora, no caso de Ourém-Fátima, se note uma redução na sazonalidade dos números, praticamente limitada ao período entre Dezembro e Março, significando que a definição de “época alta”, neste concelho está a deixar de fazer sentido, na maioria dos concelhos do distrito de Leiria e, em particular, nos três mais visitados, o período mais forte estende-se de Julho a Setembro.
No fundo da tabela das dormidas, mas com dados incompletos, o INE identifica os territórios de Pedrógão Grande, Alvaiázere e Castanheira de Pera, com apenas 2.035, 3.789 e 5.053 dormidas, em 2023.
Purificação Reis, presidente da Aciso-Associação Empresarial Ourém-Fátima, referiu, na sessão de abertura do IWRT-XI Workshop Internacional de Turismo Religioso, que se realizou no Centro Pastoral Paulo VI, em Fátima, que a cidade-santuário registou a passagem de 6,3 milhões de peregrinos e que é possível atrair ainda mais visitantes com “infraestruturas adequadas”.
“É urgente definir a localização do novo aeroporto”, disse, sublinhando a proximidade do projecto Magellan 500, que visa a criação desta infraestrutura em Santarém.
“É o que mais bem servirá Fátima e a restante população portuguesa”, afirmou.
Na plateia, a escutar, estava Carlos Brazão, fundador do Magellan 500. Aliás, o apelo para que os participantes no IWRT também defendam esta bandeira foi repetido pela quase totalidade dos responsáveis autárquicos e do Turismo Centro de Portugal presentes na sessão.
A responsável pela Aciso referiu ainda que o IWRT está a ser trabalhado para ser “um acelerador do turismo religioso em Portugal”.
Já Carlos Cabecinhas, reitor do Santuário de Fátima, referiu a possibilidade de o recinto mariano se afirmar como “o mais importante destino turístico nacional”.
“O ano de 2023, foi de grande recuperação após a pandemia e até excedeu as nossas expectativas”, disse, ressalvando que é necessário perceber qual foi o impacto da Jornada Mundial da Juventude e da vinda do Papa Francisco a Fátima, no número de visitantes.
“A guerra na Ucrânia e os quase cinco meses de conflito na Palestina e Israel tornam fundamental afirmar o turismo religioso como instrumento da paz e de ligação entre as pessoas”, resumiu.
Já Pedro Machado, presidente da Agência Regional de Promoção Turística Centro de Portugal, recordou que o turismo em Portugal gera anualmente 21 mil milhões de euros e que é preciso captar novos consumidores de idades mais jovens; pessoas que cresceram a ver o TikTok e que têm outros interesses.