Pouca oferta, listas de espera e preços que em dois anos subiram, em média, 50%. É este o retrato do mercado de arrendamento na região, onde muitas pessoas se vêem já obrigadas a regressar a casa dos pais ou a partilhar habitação.
“Quem precisa mesmo de mudar de casa pode viver um drama”, admite Ana Deus. Com preços cada vez mais elevados – “dispararam em média 50%” -, muita procura e necessidade de fiador, nem todos conseguem arrendar uma habitação em Leiria ou nos concelhos à volta.
Por isso, segundo a responsável pela agência de Leiria da 2% Imobiliária, há quem se veja obrigado a regressar a casa dos pais ou a partilhar habitação.
“Muitos proprietários estão desejosos que os inquilinos vão embora”, diz esta profissional, admitindo que “têm toda a legitimidade para arrendar pelo preço que entenderem”. As casas são divulgadas e rapidamente se arrendam, apesar de haver casos em que os preços duplicam quando é feito um novo contrato.
Nuno Serrano admite que os preços do arrendamento “mais do que dobraram” nos últimos anos. A escassez da oferta de casas para arrendar, aliada ao facto de nem toda a gente ter condições financeiras para comprar, o que fez crescer a procura pelo arrendamento, ajudam a explicar a situação.
“Houve épocas em que os preços do arrendamento estavam realmente baixos, e os proprietários os mantinham ou até baixavam para ‘segurar’ os inquilinos. Agora não é preciso, porque assim que saem uns entram logo outros”, diz o responsável pela Predial Leiriense.
Também Teresa Mesquita, responsável pela Remax Inn de Leiria, admite que, de modo geral, os preços das rendas terão duplicado nos dois últimos anos.
“O arrendamento está muito caro e difícil. A lista de espera é enorme”, aponta a profissional, que se mostra preocupada com o facto de os valores das rendas estarem a ficar cada vez mais difíceis de suportar pelas famílias. “Um T3 a 600 euros já é muito. Por mil euros é insuportável, não pode ser”.
Dada a falta de casas para arrendar em Leiria, muitas famílias procuram na Batalha. Mas também nesta vila “não há muito por onde escolher”, diz Joaquim Ferreira, da Leninveste, adiantando que os preços estão altos, “idênticos” aos praticados na cidade do Lis.
[LER_MAIS] “As pessoas procuram em todo o lado”, diz por sua vez Cláudia Santos, da Casas sem fim, adiantando que a situação do arrendamento na Batalha “está péssima”, porque não há casas disponíveis. “Os investidores querem produto barato, mas já não há”, refere.
Com menos pessoas a investir em habitação para colocar no mercado de arrendamento, porque os impostos também desincentivam essa aposta, e mais pessoas a arrendar porque não conseguem comprar, a pressão sobre os preços tem crescido.
Para promover uma oferta alargada de habitação para arrendamento a preços compatíveis com os rendimentos das famílias foi criado o Programa de Arrendamento Acessível. Com o PAA, o Governo quer contribuir para dar resposta às necessidades habitacionais das famílias cujo nível de rendimento não lhes permite aceder no mercado a uma habitação adequada às suas necessidades.
Até ao momento, segundo dados do Governo, foram submetidas 6315 candidaturas de potenciais inquilinos e 117 contratos de arrendamento com benefícios fiscais para os senhorios, estando inscritos 392 alojamentos na Plataforma do Arrendamento Acessível.
A renda deve ser pelo menos 20% inferior a um valor de referência calculado com base em vários factores, como a área do alojamento, a mediana de preços divulgada pelo INE, a tipologia e outras características específicas do alojamento.