Já no ano passado, os níveis de contaminação do troço do Lis que atravessa a cidade estavam maus, mas este ano foram ainda piores. As últimas análises efectuadas pela associação ambientalista Oikos à qualidade da água da bacia hidrográfica do rio Lis relevam índices “preocupantes” de contaminação junto à ponte do Arrabalde, com um valor que quase duplicou o resultado registado no ano passado e foi mais de cinco vezes pior do que em 2015, que tinha sido o segundo mais elevado desde 2013.
Outro dos pontos problemáticos evidenciados pelas análises deste ano encontra-se no troço final do Lis, com os últimos três locais de monitorização a revelarem um agravamento da poluição face aos anos anterior. Em termos globais, houve uma subida dos níveis de contaminação em oito dos 15 pontos, sendo que em seis esse aumento foi “muito significativo”.
Numa análise aos resultados, o presidente da Oikos destaca, pela negativa, os dados detectados na zona de Arrabalde da Ponte, cuja amostra é recolhida junto à ponte. “No ano passado, já houve uma subida grande em relação ao ano anterior. Mas este ano é mesmo muito mau. Os últimos resultados confirmam e amplificam os de 2017”, frisa Mário Oliveira, que não consegue encontrar explicação para os valores detectados num ponto que abrange o troço mais urbano do Lis. “É uma situação que merece ser pensada e analisada pelas entidades que receberam os dados [Câmara Municipal e Autoridade de Saúde]”, acrescenta o ambientalista.
O presidente da Oikos alerta ainda para o agravamento da contaminação na parte final do Lis, nomeadamente junto ao açude das Salgadas, onde este ano o valor mais do que triplicou o pior resultado dos últimos cinco anos, que havia sido registado em 2014. “Pode ter havido alguma descarga pontual. Há várias explorações pecuárias nas imediações”, admite Mário Oliveira, que chama também a atenção para o ponto mais próximo da foz, cujo valor deste ano quase que duplicou o de 2015, que tinha sido o mais elevado dos últimos anos.
Outro ponto em destaque, pela negativa, encontra-se junto à Ponte das Mestras, após a confluência do Lena com o Lis, onde foi detectado o valor mais alto dos 15 pontos monitorizados pela Oikos. Situação que, segundo o presidente da associação, pode ser explicado pelo “efeito cumulativo” da contaminação vinda da zona do Arrabalde e do rio Lena.
Este, embora apresente melhorias face ao ano passado, continua a registar valores muito acima dos limites definidos pela legislação, nomeadamente no troço imediatamente anterior à junção com o Lis, que continua a ser um ponto problemático no Lena, com resultados “absolutamente anormais”, apesar da descida registada este ano.
[LER_MAIS] Também com melhorias, face aos anos anteriores, está o troço do Lena que atravessa a vila Batalha, apesar de o ponto de monitorização localizado junto à Ponte Nova ser quatro vezes mais alto do que o ponto anterior, em Anaia, Porto de Mós, e o dobro do ponto que se segue, em Casal Mil Homens, também no concelho de Batalha.
O presidente da Oikos não consegue, contudo, avançar com uma explicação para essa diferença. Com um valor “anormalmente baixo”, face ao histórico, aparece a ribeira dos Milagres, que este ano registou o resultado mais reduzido dos últimos cinco anos. “Dentro do mau, é aceitável”, diz Mário Oliveira, frisando, no entanto, que aquele curso de água regista sempre “grandes flutuações”, muitas vezes associadas às condições climatéricas, nomeadamente, à pluviosidade.
O dirigente adianta que, este ano, as análises foram realizadas com base em amostras recolhidas no dia 9 de Maio, depois de um período de chuvas e num momento em que havia ainda um “caudal grande”, pelos que os resultados em toda a bacia hidrográfica do Lis reflectem “algum efeito de diluição”. O trabalho de monitorização da qualidade da água da bacia hidrográfica do Lis é feito pela Oikos desde 1990, com a análise dos níveis de contaminação pela bactérica e-coli e por enterococos em 15 pontos ao longo dos rios Lena e Lis.