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Home Entrevista

Rui Gaspar: “Ainda estamos meio cowboys. Um dia, se calhar, podemos vir a ser agricultores”

Cláudio Garcia por Cláudio Garcia
Dezembro 5, 2022
em Entrevista
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Rui Gaspar: “Ainda estamos meio cowboys. Um dia, se calhar, podemos vir a ser agricultores”
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Rui Gaspar é um dos fundadores dos First Breath After Coma, banda de Leiria em que começou por assumir o papel de baixista.

É, também, fundador e colaborador da produtora audiovisual Casota Collective, com outros elementos dos First Breath After Coma.

Tanto a banda como a produtora estão ancoradas no espaço Serra, na Reixida, Leiria, um ecossistema de trabalho para as indústrias criativas em instalações do Grupo Movicortes, que detém o JORNAL DE LEIRIA.

Com 30 anos de idade, formado em Som e Imagem pela Escola Superior de Artes e Design de Caldas da Rainha do Politécnico de Leiria, Rui Gaspar tem desenvolvido, fora dos First Breath After Coma, um percurso como produtor musical em que, além de Débora Umbelino (Surma), trabalhou com Whales, Lince e Rita Sampaio (Grandfather’s House), entre outros.

Produziu, também, o primeiro álbum dos 5ª Punkada, a banda da Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra.

Há a ideia de que na área criativa, e na música, faz sentido estar em Lisboa, que é onde estão a maioria dos contactos e oportunidades. No vosso caso, First Breath After Coma, optaram por ficar.
Saímos para estudar fora, mas vínhamos sempre, ao fim-de-semana, para podermos tocar. Foi sempre a música como prioridade e para a música ser prioridade sempre nos pareceu o melhor sítio [o estúdio e sala de ensaios na Reixida, Leiria, em instalações do Grupo Movicortes]. Em termos de qualidade de vida, estamos aqui tão bem, vamos para onde?

Prejudicou-vos de alguma maneira?
Não faço ideia como é que teria acontecido, termos ido para Lisboa ou até para o estrangeiro. Chegámos a pensar em ir para Berlim um ano. Mas, estando bem aqui, a decisão de mudar era sempre meio estranha. Ir procurar o quê? Há uma definição de sucesso que não é a minha. Estou a fazer o que gosto com as pessoas de quem gosto – isso, para mim, é sucesso. Quero acreditar que se o trabalho for genuinamente bom, a barreira de estar em Leiria, em Lisboa ou em Berlim não aparece. Se for mesmo bom, é bom. Pode custar mais a chegar, numa primeira fase, e a estabelecer alguns contactos, mas, quando há projectos mesmo bons, que rebentam, toda a gente sente. E a Omnichord é outro factor, importante, pelo qual nos estabelecemos aqui. Naquela fase, em que estávamos a tentar profissionalizar a nossa música, apareceu uma estrutura que estava a tentar profissionalizar artistas de cá. Nós ajudámos a Omnichord e a Omnichord ajuda-nos. Se calhar, se não houvesse Omnichord, teríamos de procurar uma editora fora.

Quando puseram a possibilidade de ir para Berlim, porque é que acabaram por não ir?
Dizíamos isso meio da boca para fora porque podia ser uma possibilidade mas ao mesmo tempo nunca tivemos uma vontade real de mudar. Leiria, também, estava a começar a fervilhar, apareceram outros projectos. Podíamos sentir que estamos numa cidade onde não acontece nada, que não há outras pessoas com quem partilhar ideias, mas não era o caso, sempre nos sentimos confortáveis em ficar. Estão cá os nossos amigos, a nossa família, estamos bem.

Se pudesse viver numa década qualquer da história da música, qual seria?
Esta. Ou mais para a frente. A quantidade de tecnologia que há hoje… Adoro música dos anos 60, mas curto mais fazer música nesta época, com as ferramentas que temos. Posso vir para aqui um dia, gravo, e a seguir vem o Pedro, mete uma bateria e grava, e vamos construindo. É fixe ter um computador em que posso tocar cordas, e às vezes não consigo tocar bem mas vou lá e edito, porque não preciso de saber tocar um violoncelo, mas tenho ali um violoncelo e dá para tocar.

Não é importante dominar de forma exímia um instrumento?
Desde novos, o Pedro talvez seja o único que explorou o instrumento, e ainda explora, até à exaustão. É baterista, puro, e domina o instrumento. Mais nenhum de nós domina a esse ponto, acho eu. A lógica sempre foi a de explorar sons, compor e fazer música, mais do que treinar escalas. Nesta fase, começamos a sentir que saber mais teoria facilitava alguns processos, mas a parte de composição é sempre a que nos entusiasma mais.

Há momentos em que o processo de criação é mais colectivo, mais espontâneo?
Agora, é raro. Quando sentimos falta e voltamos a experimentar, desistimos logo. O primeiro álbum foi feito assim, todos a tocar ao mesmo tempo; o segundo, já foi um misto; o Nu, só o aprendemos a tocar quando estava gravado, misturado e masterizado, pronto a ir para a fábrica. E ouvimo- lo para aprender a tocá-lo e para perceber o que é que cada um ia tocar ao vivo. Há essa parte da reacção ao outro e quando isso flui é das cenas mais bonitas – improvisar e estruturar a música a partir daí. No nosso caso, somos cinco, e cada vez temos menos tempo, porque a música não é o nosso trabalho principal, é muito pouco rentável estarmos aqui duas horas a tocar ao mesmo tempo, à procura, a tentar criar. É mais cansativo, mais exaustivo e é um processo muito mais longo. E, obrigatoriamente, como estamos cada um com o seu instrumento, a música vai surgir e vai ter bateria, baixo, guitarra, teclado. No computador, ouvimos e vamos criando à medida do que a música nos pede, em vez de qual é que é o instrumento que temos no colo para tocar.

Que herança gostava que o Serra [um ecossistema de trabalho para as indústrias criativas, onde estão os First Breath After Coma e a Casota Collective, entre outros] pudesse deixar dentro de 10, 20 ou 30 anos?
O mais importante é que haja continuidade.
Que a malta que está a criar agora, da nossa geração, continue. E fazer com que haja novas gerações a sentirem-se motivadas a criar e a estabelecerem- se em Leiria, como nós.

Da geração Omnichord, quem é o maior talento?
O maior talento em bruto, é o Jerónimo, o Luís. É puro talento. Tem um potencial tremendo e em algum momento há-de lançar uma cena que nos vai deixar de boca aberta. Qualquer uma das pessoas com quem trabalho, admiro.

Porque é que é tão difícil a profissionalização, na música?
O mercado é pequeno, o País é pequeno. Se dermos 25 ou 30 concertos, já percorremos, mais ou menos, o País todo. Não somos uma banda de massas, temos um nicho, um público fiel. Os projectos de nicho que conseguem sobreviver da música são projectos de uma pessoa, duas pessoas, três, no máximo. Financeiramente, é difícil. Os cachês são baixos.

Os First Breath After Coma chegaram a fazer concertos no estrangeiro.
Onde tocámos mais foi na Alemanha. Não desistimos, mas foi um caminho de partir pedra. Fomos lá uma vez, tocámos em bares para 10 pessoas. Na segunda vez que fomos ao mesmo bar, já tínhamos 30 ou 40. Na terceira, já tínhamos 70 ou 80. É um caminho que tem de ser persistente, se for desta forma.

Que podem retomar?
Sim, é uma opção. Aqui temos o nosso público e espaço para crescer, mas a nossa música não é música de televisão, não é música de novela, não é música de semana académica. Mais vale procurar alargar o mercado.

Como é que tem sido a experiência com os 5ª Punkada, a banda da Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra, desde o álbum até aos concertos?
Fez-me repensar toda a forma como eu estava a ver a música. A garra e a força
com que eles derrubam obstáculos é a maior lição. Não há desculpas. Faz. E tens de gostar daquilo que estás a fazer. Às vezes, é fácil arranjarmos desculpas e eles ensinaram-me que não há obstáculos inderrubáveis. No nosso caso, banda, é fazermos aquilo de que gostamos genuinamente com pessoas de quem gostamos. E não encarar isto como profissão ou como uma cena demasiado séria. Felizmente, não dependemos disto e então é o nosso jardinzinho onde podemos fazer o que nos apetecer. E enquanto houver pessoas interessadas, melhor. Mas é bom fazer isto desta forma mais genuína e mais honesta, sem definir o sucesso com números ou concertos ou seja o que for. É fixe ter objectivos que sejam eternos. Fazer música de que gosto com pessoas de quem gosto. Isto é sempre válido.

Há cada vez mais projectos artísticos que têm por objectivo o impacto social.
Mostram-nos sempre novas formas de utilizar a música. A música é um veículo e é tão forte e universal que dá para usar também de outras formas, não só o teu projecto e o teu ego, mas também como é que podes usar isso para comunicar com outras pessoas. Não acredito que transforme a vida de toda a gente, há muitas condicionantes, mas é importante que haja casos de sucesso. A mudança é clara, tanto nos 5ª Punkada como no Ópera na Prisão.

Os artistas devem ter uma voz social?
Há artistas mais políticos, que são interventivos, e há outros artistas que o papel deles não é falar sobre política, mas emocionam-te. Há espaço para todos. Eu gosto que o meu trabalho fale por mim. Acredito que através da música consiga passar os ideais e os valores em que acredito: fazer bem aos outros, ser generoso, reduzir o ego, essas são as minhas lutas.

Há muita gente a querer ir para o Serra?
Cada vez mais. Estes espaços são bué importantes. No nosso caso, não tínhamos
feito quase nada se não tivéssemos isto. Na Casota, o facto de termos um barracão para fazer os vídeos, um espaço grande para fazermos o que nos apetecesse, definiu a nossa estética e destacou-nos um bocadinho de outras pessoas que poderiam estar a começar. Não tínhamos a mesma experiência, nem um equipamento tão bom, mas tínhamos um sítio altamente para fazermos ideias malucas.

E os First Breath After Coma, o que se segue?
Estamos a tentar fazer o próximo álbum e o desafio é, nesta fase das nossas vidas, cada um já tem o seu trabalho, já estamos fora de casa dos pais, o Roberto já é pai, já há aqui bué de condicionantes, fazer um disco com qualidade. Se calhar vai demorar mais tempo do que os outros, mas a ideia é fazer, demore seis meses, demore um ano, demore dois.

Andam à procura de uma sonoridade diferente?
Temos sempre vontade de trabalhar, pelo menos na música, em zonas um bocadinho desconfortáveis. Não pode ser totalmente, mas é aquele equilíbrio, em que é uma zona que conheces, mas, também, a apontar para outro caminho onde não estejas à vontade. Esse estado de vulnerabilidade e de fragilidade é onde conseguimos fazer o nosso melhor trabalho. E neste momento ainda estamos à procura, porque, com o Nu, encontrámos um sítio confortável e agora temos de procurar outro caminho. O Brian Eno diz que há dois tipos de artistas: os agricultores, que descobrem um pedaço de terra e trabalham aquele pedaço de terra a vida toda, mas bué da bem e tiram o melhor da terra; e os cowboys, que procuram novas fronteiras e exploram novos horizontes. Nós, nesta fase, ainda estamos meio cowboys. Um dia, se calhar, podemos vir a ser agricultores, mas gostamos de nos ver assim. Desafiar, desbravar. E por isso é que às vezes pode demorar um bocadinho mais este processo inicial de procurar o que nos entusiasma.

Etiquetas: FBACLeiriaomnichordRui Gasparserra
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