Os dados financeiros do Santuário de Fátima, revelados esta quinta-feira, mostram que, apesar de 2023 ter registado um aumento significativo do número de peregrinos e, consequentemente, das receitas, houve uma quebra abrupta nos resultados do exercício. Em 2022, a instituição fechou as contas com um saldo positivo de 1,1 milhão de euros, que baixou para 110 mil euros em 2023.
Reconhecendo que é um resultado “pequeno”, justificado com gastos “excepcionais e não repetíveis”, associados à Jornada Mundial da Juventude [JMJ], cujos gastos direto ultrapassaram 1,4 ME, o reitor do Santuário garante que as contas da instituição estão “equilibradas”
“O Santuário não existe para dar lucro. Se a cada ano conseguirmos um resultado neutro, é óptimo”, afirmou, reconhecendo que “há esforço contínuo para controlar os gastos”, mas que tal não passa por despedimentos. “Isso não está no nosso horizonte. A solidez do Santuário faz com que essa questão não se coloque”, afirmou.
Carlos Cabecinhas justificou ainda os resultados com o aumento “extraordinário” dos gastos, relacionados com a inflação, actualizações salariais e acréscimo dos fornecimentos e serviços externos. “Um aumento significativo de peregrinos traz também um aumento significativo de despesas”, frisou.
No final do encontro e depois de ouvir as explicações do reitor, bispo de Leiria-Fátima reconheceu o resultado “pequeno”, mas manifestou a sua “segurança” em relação à situação financeira do Santuário.
“A ausência de outro tipo de rentabilidade não me preocupa, particularmente, este ano, devido às causas dela, que muito me alegra e que está relacionada com o investimento para acolher bem tantos jovens, que não são aqueles que mais contribuem com receitas, mas que trazem uma alegria que não se contabiliza”, salientou D. José Ornelas.
De acordo com as contas apresentadas, o Santuário de Fátima registou, no ano passado, receitas na ordem dos 21,7 milhões de euros, enquanto os gastos somaram 21,6 milhões. A maior fatia foi com as despesas com pessoal (6,7 ME), seguindo-se os fornecimentos e serviços externos, onde se inclui água, energia e gas, por exemplo, e que totalizaram 4,35 ME.
Em relação às estatísticas dos movimentos de peregrinos, os dados indica que, no ano passado, o Santuário contabilizou 6,8 milhões de pessoas que participaram, pelo menos, numa celebração, onde se incluem 1,1 milhão de participantes na JMJ. Comparando com 2022, houve um aumento de 39%. Os números do último ano superam os de 2019, último ano antes da pandemia.