Quando se preparam para arrancar com as vindimas, o JORNAL DE LEIRIA foi saber das expectativas dos produtores de vinho da nossa região. A quantidade, dizem, deverá aproximar-se daquela que foi registada no ano passado.
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Já a qualidade, defendem alguns, está dependente de dias soalheiros que venham a acontecer durante o próximo mês.
Na Companhia Agrícola do Sanguinhal está tudo a postos para arrancar com a vindima.
Carlos Fonseca, responsável pela empresa, sediada no Bombarral, adianta que os trabalhadores estão preparados para ir para o campo já por estes dias, mas não tem a certeza se as uvas terão atingido o grau de maturação pretendido, pelo que suspender as vindimas e retomá-las um pouco mais tarde é um cenário a ter em conta.
Carlos Fonseca explica que, em termos de quantidade, espera um ano idêntico a 2019, época onde a Companhia Agrícola do Sanguinhal colheu 500 toneladas de uvas.
Talvez possa aumentar 5%, estima o responsável. Quanto à qualidade, “se o tempo se mantiver com sol, vamos ter uma belíssima colheita.
É preciso que não surjam chuvas de Setembro a Outubro, durante o período das vindimas”, frisa o empresário, lembrando que a região Oeste tem vindo a registar condições meteorológicas irregulares, com períodos de nevoeiro e de baixa temperatura.
Esta é também a convicção de Luís Vieira, administrador do Grupo Parras, dono da Quinta do Gradil, onde as vindimas acontecem na zona do Cadaval e o engarrafamento se realiza na Goanvi, em Alcobaça.
Luís Vieira perspectiva que este ano, em volume, os resultados da vindima se aproximem dos do ano passado, que ascenderam a mil toneladas, talvez com uma ligeira variação, na ordem dos 5%.
No entanto, salienta que este ano foi mais difícil no que se refere a condições climatéricas, com mais chuva, o que atrasou mais a maturação das uvas.
“Não quer dizer que não haja bons vinhos, mas vai ser mais exigente na fase final no campo e também na adega”, faz notar o empresário.
Sediada nas Cortes, em Leiria, a Vidigal Wines dedica-se ao engarrafamento e à comercialização de vinhos, que exporta para 45 países, e é também maioritária na Encostas do Atlântico (produtora de vinho, localizada na região Oeste).
António Lopes, responsável pela empresa, adianta que as suas vindimas já arrancaram, esperando-se este ano uma quantidade superior à do ano passado (que foi de 5500 toneladas), o que se justifica com a ampliação da adega e a com aquisição de mais uvas.
Quanto à qualidade, refere prontamente que os tintos e os rosés serão bons, mas admite que fazem agora falta bons dia de sol sobretudo para melhorar os brancos, que as condições meteorológicas não favoreceram tanto.
A Rocim também já deu início à vindima nas Cortes, vinhas a partir das quais é produzido o Vale da Mata. “Apesar de ter sido um ano muito complicado pelas condições meteorológicas adversas (chuvas no período da floração e temperaturas muito elevadas no mês de Julho), as uvas apresentam uma qualidade excepcional. Verifica-se uma ligeira quebra de produção face ao expectável mas, por outro lado, a qualidade supera todas as expectativas . Será por isso um ano de uma qualidade muito elevada”, estima Catarina Vieira, empresária e enóloga.
Esforço adicional em contexto de pandemia
As medidas de contingência foram tomadas a partir de Março e continuarão a ser respeitadas em campo. Na Quinta do Gradil, a vindima manual é pouco significativa. Ainda assim, frisa Luís Vieira,[LER_MAIS] nesse caso a equipa é dividida e trabalha por turnos.
Os colaboradores mantêm-se afastados, sendo que também vão ser adoptados diferentes locais de refeição.
Na Cooperativa Agrícola do Sanguinhal, opta-se pela vindima mecanizada sempre que possível, sendo que, quando o processo é manual, os colaboradores procedem ao corte mantendo sempre uma carreira de vinha entre si, para assegurar distanciamento.
Além disso, a equipa fixa de dez pessoas não contacta com cerca de uma vintena de colaboradores sazonais.
“Este ano e nesta vindima, no âmbito do contexto da pandemia, existe um cuidado adicional. São respeitadas todas as regras do plano de contingência da empresa, nomeadamente a protecção individual, o distanciamento social regulamentado e uma frequente desinfecção”, explica, por sua vez, Catarina Vieira.
“Por se tratar de um trabalho ao ar livre, estas regras são, apesar de tudo, de fácil implementação”, admite a responsável pela Rocim.