Estamos no Inverno e às 18:30 horas já é noite cerrada. É precisamente a essa hora que começa o primeiro treino diário para a rapaziada do atletismo do Atlético Clube da Batalha.
São os miúdos mais novos, benjamins e infantis, que têm de treinar praticamente às escuras. Luz, só “quando há treino de futebol”. A verdade, contudo, é que essa não é a única limitação com que têm de lidar numa base diária.
Há oito anos, quanto decidiu fundar o clube e arrancar com a modalidade na vila, Casimiro Gomes não imaginaria que a adesão da população fosse maciça. Hoje, tem mais de cem atletas, o problema é que a zona desportiva da Batalha nunca esteve – nem está – preparada uma abordagem séria e meticulosa à modalidade.
Mesmo assim, surgem cada vez mais interessados no atletismo. “Aparecem do nada. É um desporto ao ar livre e a procura é cada vez maior.”

O espaço não tem mais do que “uma pista de 120 metros com cinco pistas em terra batida” e um “corredor para salto em comprimento cheio de ervas e buracos, que até é perigoso”, sublinha o responsável.
O resto é tudo adaptado: utilizam a estrada para correr, na sede têm um pequeno ginásio, no pavilhão multiusos treinam salto em comprimento e os lançamentos são num bocadinho de terra. “Só peso, porque não há espaço para os outros.”
“Já dá para fazer alguma coisa, mas os atletas vão crescendo e precisam de mais para poderem evoluir. Se tivéssemos as condições de Leiria ou da Marinha Grande poderíamos evoluir mais e ter mais miúdos. É caminho andado para o sucesso.”

Ainda assim, campeões distritais e as medalhas obtidas em campeonatos nacionais já não são propriamente uma novidade. A verdade é que surge “muito talento” aos treinos do Atlético Clube da Batalha.
Tanto, que alguns são desviados para clubes mais bem apetrechados da região. “Fico um bocado triste. Gostava que continuassem, mas nunca vou conseguir convencer um miúdo talentoso da Batalha a ficar no clube se tiver um convite de Leiria, onde as condições são perfeitas.”
Para Carlos Carmino, director técnico regional, [LER_MAIS]o clube é já um dos principais emblemas da modalidade no distrito, que tem na Juventude Vidigalense, de Leiria, a sua grande referência.
Município avalia novos espaços
Paulo Batista dos Santos, presidente da Câmara Municipal da Batalha, faz uma avaliação “naturalmente positiva” ao trabalho efectuado pelo Atlético Clube da Batalha, instituição que, explica, utiliza “vários espaços desportivos municipais”, como as “pistas existentes na zona desportiva”, no “complexo escolar”, e ainda o “espaço do pavilhão multiusos”. Recorda também que a nova sede “foi disponibilizada pelo Município” e revela estar a trabalhar com o emblema e a Associação Distrital de Atletismo de Leiria na “partilha de instalações desportivas supramunicipais” e em “projectos de futuro”. “O clube já identificou um espaço privado onde pretende desenvolver algumas modalidades e o Município encontra-se a avaliar as condições de implantação de novos espaços de apoio ao desporto e ao atletismo em particular.”
“Não haja dúvidas de que o Atlético Clube da Batalha tem respondido bem à crise. Estive lá recentemente a dar apoio e tínhamos muitos miúdos, mas precisamos de uma pista sintética para que não desistam ou então vão para Leiria, que tem o Estádio Municipal e o Centro Nacional de Lançamentos muito bem apetrechados.”
É precisamente essa a ideia de Casimiro Gomes. “O ideal era de facto uma pista sintética e nem tinha de ser obrigatoriamente de competição. O que não falta são espaços. A Câmara já deu a carrinha e a sede, que muito agradecemos, mas precisamos de mais. Dizem que temos de ir devagar, que tem de ser pouco a pouco, mas não dá. Estamos desgastados. Até quando vamos trabalhar em vão? Se sem estrutura já aparecem tantos miúdos, com estrutura apareceriam muitos mais.”