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Sérgio Leandro: “As patentes morrem quase todas na praia”

Daniela Franco Sousa por Daniela Franco Sousa
Junho 20, 2021
em Entrevista
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Sérgio Leandro: “As patentes morrem quase todas na praia”
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Se cá voltasse, o que diria Jacques Cousteau?
Como grande impulsionador da divulgação do mar, dos oceanos, do mergulho, julgo que ficaria surpreendido pela positiva. Foi revolucionário. Conseguiu sensibilizar a comunicação social e a sociedade para a importância que os oceanos assumem. Ele fê-lo através da beleza que conseguiu transmitir nas suas imagens. Hoje, conseguimos fazê-lo com tecnologia que em nada se compara, mas foi ele que desencadeou esse interesse. E, pelo facto de conhecermos mais sobre os oceanos, também estamos hoje mais alerta para aquilo que são as suas ameaças.

O que conseguimos mudar nos últimos 20 anos?
A sociedade tem cada vez mais consciência de que os oceanos são importantes. Nós, cientistas, tentamos transmitir que da integridade dos oceanos depende o bem-estar e a saúde da humanidade. E isso é cada vez mais visível: seja a importância dos oceanos ao nível da regulação do clima; do fornecimento de proteína para alimentação humana; das várias actividades, entre as quais o comércio marítimo; também ao nível da produção de oxigénio. Até há bem pouco tempo, julgava-se que eram as florestas o maior produtor de oxigénio, mas chegámos à conclusão que são as microalgas e as algas, que estão nos oceanos, que produzem grande parte do oxigénio que o homem respira.

Apesar de conhecermos mais, continuamos num processo destrutivo…
Apesar de sabermos mais, continuamos com a sobre-exploração dos recursos da pesca. Há também a questão das alterações climáticas, da emissão de dióxido de carbono, da destruição de habitats, da perda da biodiversidade. Tudo na natureza tem um significado e se os organismos existem não é porque têm cores bonitas. Cumprem uma função clara. Há minúsculos organismos, dos quais, no final, depende o homem. Mas dos quais também depende toda a biodiversidade dos oceanos.

Quais são os agentes mais difíceis de convencer?
Ainda é a componente económica. Porque damos por garantido aquilo que os oceanos nos dão, sem ter consciência da sua fragilidade, sem entender que, se deixarem de ser produtivos, toda a economia cai. E que se perdermos certas valências dos oceanos, prejudicamos a nossa saúde e colocamos em risco a nossa própria sobrevivência.

Mas talvez não baste convencer os agentes económicos, [LER_MAIS]a avaliar pela notícia avançada esta semana pelo Público. Refere que o Fundo Azul, o programa para o mar, em cinco anos só executou um quarto do orçamento. E são 13 milhões de orçamento anual que custam a chegar ao terreno…
Os últimos cinco anos foram muito difíceis em termos de economia nacional e de execução orçamental. Não estou aqui mandatado para defender o Governo nem os governantes e é verdade que há dificuldades na execução desse fundo. Mas também é verdade que, fruto de políticas económicas, não houve financiamento necessário para colocar ao dispor dos investidores. Nessa mesma notícia é ouvido um investidor da Nazaré que sentiu algumas dificuldades, mas que, com persistência e resiliência, conseguiu criar uma grande empresa. Uma empresa que tem futuro, julgo eu. Mas a questão da burocracia e a questão das políticas efectivas para os oceanos talvez ainda travem.

Todas as semanas há apreensões de bivalves, de pescado subdimensionado. O que está a falhar?
O valor torna a infracção apetecível. Embora seja proibido, aquilo que se consegue obter com essa infracção é apetecível e as pessoas vão tentando. A questão dos bivalves também é de saúde pública, porque são capturados em zonas que, em termos ambientais, não garantem a salvaguarda da saúde pública. Mas arriscam, capturam… e há também aqui outra questão, que são os circuitosaquaparalelos. Quanto ao pescado subdimensionado, muitas vezes chega junto de outro pescado que se traz para terra. E, ou se vende ou se deita fora. E num contexto de fragilidade económica de algumas pessoas, deitar fora é perder dinheiro. Tem de haver actuação, de forma a dissuadir estes comportamentos.

Como se conjuga responsabilidade e rentabilidade?
Com uma maior exigência do consumidor. Se se tenta vender pescado sem tamanho, ou bivalves que não estão legalizados, é porque alguém os compra. Portanto, o consumidor também tem um poder tremendo, que é o de disciplinar o mercado. Se eu vir pescado que não cumpre o tamanho mínimo e se não o comprar, das próximas vezes o vendedor não o vai levar para a banca. Porque não o vende. E para exercer esse poder, o consumidor deve ser informado daquilo que pode e que não pode ser consumido. O consumidor é uma arma poderosíssima que temos a favor dos oceanos. É importante a informação sobre a origem do pescado e sobre o seu modo de captura. E é importante saber se foi comprado em lota ou não. Porque se diz que foi comprado em lota, é porque foram cumpridas as obrigações legais do pescador, sobre o tamanho mínimo, sobre a dimensão da captura, sobre aquilo que é a segurança alimentar.

E quando vai ao supermercado, que leitura faz da banca da peixaria?
O que mais me salta à vista é não haver maior promoção da venda dos produtos nacionais. Nós mais facilmente consumimos salmão do que pescado da nossa costa, como cavala ou carapau. Porque o consumidor foi educado a consumir salmão e sabe confeccioná-lo de mil maneiras. Isso aflige-me. Importar tem consequências e diminui o preço do pescado nacional.

Com uma costa tão extensa como a nossa, por que predominam os de aquacultura estrangeira?
Porque os maiores produtores de aquacultura são estrangeiros. Turquia e Grécia. Porque são países que têm melhores condições naturais para o fazer. E, no caso do salmão, também existem muitas aquaculturas na Noruega, na Escócia e no Chile, porque têm zonas abrigadas para colocar estruturas offshore.

E por que tardam a aparecer mais explorações de aquacultura em Portugal?
Para ter estruturas offshore ainda temos muitos desafios tecnológicos pela frente. É preciso ter uma jaula no oceano e que permita suportar a agressividade do mar em zonas abertas. Não é fácil, mas o caminho é claramente por aí. Cousteau dizia [LER_MAIS]que o homem devia deixar de ser um colector, para ser um agricultor dos oceanos. E é isso. Aqui entra a questão da aquacultura offshore.

A ESTM e o Cetemares têm sido responsáveis por inúmeras inovações, sobretudo na área alimentar, tirando proveito dos nossos recursos marinhos. Em que produtos estão actualmente a trabalhar?
Trabalhamos com pepinos e ouriços do mar, estamos também a olhar para a aquacultura, não só do ponto de vista da produção de proteína, mas também no desenvolvimento de serviços de suporte à indústria da aquacultura, que lhes permita melhorar processos e aumentar a sua rentabilidade. Desde ensaios sobre patologias e doenças, passando por estudos sobre a influência das algas na alimentação do peixe. Estamos também envolvidos num outro projecto, que é o de produção de corvina em circuito fechado.

As patentes morrem na praia ou o mercado tem aderido aos vossos produtos?
As patentes morrem quase todas na praia. O Politécnico de Leiria tem sido um dos institutos com maior número de patentes, mas os agentes económicos também têm que estar atentos à tecnologia que é desenvolvia pelo Politécnico de Leiria e pelas outras instituições de ensino superior.

O Smart Ocenan Peniche é o projecto da sua vida?
Pode assumir-se como tal. É com muito orgulho que estou envolvido neste projecto. Por razões sentimentais e por ser um projecto estruturante para a economia da região e de Peniche em particular. Porque conjuga aquilo que é investigação com aquilo que é o grande objectivo da ciência, que é devolver conhecimento e tecnologia para a sociedade. A partir do conhecimento desenvolvido, será dado apoio à criação de empresas de cariz tecnológico, que tenham por base inovação e empreendedorismo. A chave para o futuro passa pelo conhecimento e pela tecnologia ao serviço do desenvolvimento sustentável.

E em que patamar se encontra a construção deste parque de ciência e tecnologia?
Esperamos lançar em breve o concurso para a construção do primeiro edifício do Smart Ocean, de incubação de empresas na área do mar. Estamos a apostar na aquacultura, no processamento de pescado e na biotecnologia. Vamos criar um programa estratégico para aceleração de empresas e estamos a procurar processos estratégicos internacionais para nos dar esse aporte. Queremos apostar em áreas estratégicas para a economia do mar, como é o caso da produção de alimento. Encontrar formas diferentes de produzir e de processar o pescado.

Que dose de loucura é preciso ter para ser cientista em Portugal?
Não diria loucura. Diria paixão. Quem vai para a ciência, vai por paixão. Não vai para descobrir um unicórnio e ser multimilionário de um momento para outro. Vai por paixão. É isso que tem de mover a nossa vida. Temos que criar condições para sermos felizes. E os cientistas são. Por terem paixão e por terem consciências biológicas, por terem amor à vida.

Ainda se investiga o que se gosta ou investiga-se apenas aquilo que é apoiado por fundos comunitários?
Ainda se investiga de acordo com o nosso gosto. Mas nem tanto ao mar, nem tanto à terra. O cientista tem de dar resposta aquilo que são os desafios da sociedade. E hoje temos bons desafios: climáticos, de biodiversidade, de segurança alimentar. E o desafio de ser capaz de conseguir produtos para alimentar uma população que em breve será de sete, oito, nove ou dez mil milhões de pessoas, num planeta cujos recursos são finitos. Um dos grandes desafios da humanidade será gerar alimentos, saúde e bem- estar a partir dos oceanos. Será claramente uma das nossas escapatórias.

Já quase conhecemos melhor Marte do que as profundezas dos oceanos…
Tem a ver com a adversidade do meio. Trabalhar no mar não é fácil, há correntes, há corrosão… Encontrar equipamentos para investigar no mar também tem obstaculizado o conhecimento dos oceanos. Mas há cada vez mais tecnologia. E como temos drones no ar, começamos a ter drones para andar debaixo de água, o que torna mais fácil explorar os oceanos, sem a presença física do homem no local. Nos anos 60 fomos à Lua e só recentemente conhecemos as profundezas das Fossas Marianas. Mas estamos em progresso acelerado e acho que, nos próximos anos, vamos ver o homem a colonizar os oceanos. E o desafio será fazê-lo sem perder biodiversidade.

Etiquetas: cetemaresciênciaipleiriamar
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