Portugal disputa esta quinta-feira, pelas 20:15 horas, o último teste antes do Campeonato do Mundo de futebol. Já com Cristiano Ronaldo no onze, a Argélia será o derradeiro adversário antes da viagem para a Rússia, fundamental para que tudo esteja afinado na hora de entrar em campo para defrontar a Espanha, a 15 de Junho.
E onde será o jogo? No Estádio da Luz, com certeza. O recinto do Benfica é, de resto, o preferido da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) para a realização de partidas da principal representação lusa.
O País, é sabido, gastou milhões e milhões de euros na construção de uma dezena de infra-estruturas para acolher o Campeonato da Europa, já lá vão 14 anos. Depois da final desse torneio, em que Portugal chorou a derrota na final com a Grécia, a Selecção Nacional já jogou, contando com a partida desta quinta-feira, 73 partidas neste cantinho à beira-mar plantado.
Ora, desses 73 jogos, nada menos do que 15 foram disputados no Estádio da Luz. Tudo aparentemente normal, já que se trata do maior coliseu do País, ainda para mais localizado na capital.
A surpresa vem a seguir. Qual Dragão, qual Alvalade, qual obra-prima de Souto de Moura em Braga. O segundo local onde decorreram mais desafios da Selecção Nacional de futebol foi… Leiria, que recebeu o dobro das partidas realizadas em Coimbra e Braga.
Estónia (2004), Arménia (2007), Chile (2011), Macedónia (2012), Camarões (2014), Bulgária e Bélgica (2016), e Estados Unidos (2017) já visitaram o Magalhães Pessoa.
Fomos tentar perceber as razões que estão por detrás desta predilecção. “Os responsáveis federativos sentem que existe uma espécie de dívida com alguns concelhos”, sublinha Gonçalo Lopes, vice-presidente da Câmara Municipal de Leiria.
“Têm a plena noção de que existe um conjunto de estádios municipais que não estão a ser tão bem aproveitados pelo futebol profissional e que precisam de mais apoio, como o Magalhães Pessoa, mas também Aveiro e o Algarve.”
Em jogos a doer, a escolha recai, por norma, nos recintos de FC Porto, Benfica e Sporting, enquanto as restantes partidas vão visitando preferencialmente os restantes sete estádios do Euro'2004. “Temos uma lotação [LER_MAIS] menor, as pessoas estão ansiosas por ver os seus heróis, por isso é normal que o Magalhães Pessoa encha sempre nestas circunstância”, afirma Gonçalo Lopes.
Por outro lado, o “bom relacionamento” entra as equipas federativa e da autarquia também é importante. No Magalhães Pessoa, os responsáveis são os mesmo de há 13 anos. “Na FPF dizem que quando o jogo é em Leiria estão descansados, porque sabem que nada irá falhar.”
As acessibilidades, os inúmeros lugares de estacionamento, o bom estado da relva, o facto de os bares serem atribuídos aos clubes de forma a ajudá-los, a circunstância de a Selecção Nacional estagiar em Óbidos até à conclusão da Cidade do Futebol, em Oeiras, as “boas relações” com a Associação de Futebol de Leiria, tudo ajudou.
Relativamente a contrapartidas, é certo que a FPF “nada paga, mas investe” e “assume todos os custos de operação inerentes à realização do jogo”.
“Fazem intervenções, pagam o tratamento da relva, o arranjo dos ecrãs ou dos torniquetes. Ganhos financeiros directos não há, mas o nível de notoriedade é muito relevante. No jogo com a Bélgica, por exemplo, correram mundo as imagens das bandeiras dos dois países projectadas no castelo logo após o atentado terrorista de Bruxelas.”
A FPF não respondeu às nossas perguntas até ao fecho desta edição.