É público, nunca o escondi, sou sportinguista. Mas o meu sportinguismo não é fanático, não é cego, não é faccioso. Amo o símbolo, a cor, o nome do meu clube. Revejo-me no seu ecletismo e orgulho-me de todas as suas modalidades. Nas vitórias e nas derrotas.
Herdei o amor ao clube através do meu pai que lá praticou atletismo, andebol e basquetebol. E tive o privilégio de lhe dar em vida o prazer de me ver de leão ao peito quando, em miúdo, no futebol juvenil, enverguei meia dúzia de vezes aquela bonita camisola listada de verde e branco, de emblema distinto minuciosamente bordado.
Foi também o meu pai que me transmitiu os valores essenciais de respeito pelo adversário e me fez acreditar que uma vitória deveria ser sempre limpa e que era mais honrado perder que ganhar com batota.
Talvez seja por isso que detesto que o meu clube vença com um golo obtido num fora-de-jogo ou com um pênalti a favor mal-assinalado. Foi assim que cresci, aplicando este princípio de lealdade desportiva em todos os quadrantes da minha vida, e quem me conhece bem sabe que é assim que me rejo, pois não há nada melhor que dormir de consciência tranquila.
Seria hipócrita não assumir que o que se tem passado no Sporting Clube de Portugal nos últimos meses não me tem deixado triste.
Dizem que Bruno de Carvalho, no início, até fez um bom trabalho: arrumou a casa (vamos lá ver com que artífices financeiros e com que truques [LER_MAIS] de contabilidade), fez um pavilhão (um feito, sem dúvida!) e empolgou a "família sportinguista", muito à conta, sejamos francos, de uma certa cultura de ódio aos clubes rivais.
Para mim, uma estratégia totalmente reprovável, pois nunca me revi nesta forma bélica de estar. Que diabo, um clube enaltece-se pela sua história, pelas suas conquistas, pelos seus valores e princípios.
Quando precisamos de rebaixar alguém para nos sobressairmos é porque algo de muito mal vai dentro de nós.
A filípica egocêntrica de Bruno de Carvalho, a sua verborreia maldizente, a forma inacreditavelmente vil e baixa com que brinda quem não concorda com ele, revela uma pessoa muitíssimo malformada. Ou muito doente.
Às vezes, por vergonha alheia, desejava que fosse isso. Uma doença. E se ele humildemente o assumisse ainda era homem para o desculpar.
Eu e outros sportinguistas como eu: tolerantes, moderados, compreensivos, educados, sem palas, sensatos, honestos, honrados, que preferiam ver um Sporting Clube de Portugal nos campeonatos distritais de futebol do que ganhar 20 ligas seguidas com gente desta estirpe aos seus comandos.
Um presidente que inferioriza, sem decoro, o Sporting Clube da Covilhã, 8.ª filial do clube de Alvalade, não tem perfil nem grandeza intelectual para representar o grande Sporting Clube de Portugal.
Foram tantos os sinais… a nossa ganância não nos deixou lê-los. Espero que nos sirva a todos de lição.
Ganhar sim, mas com escrúpulos e elevação.
Sporting, sempre!
*Presidente da Fade In