A Ecofuturo, da Marinha Grande, e a Reci Qwerty, de Pombal, são duas empresas dedicadas à recolha e ao desmantelamento de componentes/ equipamentos eléctricos e electrónicos, cujos diferentes materiais são canalizados para indústrias que os convertem em matéria-prima usada na criação de novos produtos.
São ambas empresas assentes no conceito de economia circular, cujo negócio tem vindo a crescer ao longo dos anos. No entanto, lamentam, a expansão da actividade só não é maior, porque continua a concorrer com o mercado paralelo das sucatas.
O Parlamento Europeu noticiou, com base nos dados do Eurostat, que a quantidade de equipamentos eléctricos e electrónicos colocados no mercado na União Europeia aumentou de 7,6 milhões de toneladas, em 2012, para 13,5 milhões de toneladas em 2021. E, neste período, o total [LER_MAIS]de equipamentos deste tipo, que foram recolhidos, aumentou de 3 milhões de toneladas para 4,9 milhões de toneladas.
A mesma notícia refere que, em média, em 2021, foram recolhidos 11 quilos de resíduos de equipamentos eléctricos e electrónicos por cada habitante da União Europeia. Dos 27 Estados-membros, Áustria foi o país que melhores práticas de reciclagem manifestou (15,46 quilos por habitante).
Já em Portugal a recolha destes resíduos ficou-se pelos 5,18 quilos por habitante. Piores resultados só obtiveram a Roménia (4,75 quilos) e Chipre (3,96 quilos).
Bruno Gaspar, administrador da Reci Qwerty, que desde 2012 trabalha na recolha, desmantelamento e separação de equipamentos eléctricos e electrónicos, defende que os números apontados pelo Eurostat são baixos em Portugal, “devido ao mercado paralelo das sucatas, que não entra nos circuitos legais, nem cumpre os procedimentos mais correctos em termos ambientais”.
Este é também o entendimento de Guilherme Pina, um dos responsáveis pela Ecofuturo, empresa sediada na Moita, constituída em 2014. A unidade recolhe componentes eléctricos e electrónicos, que separa, tritura e encaminha para siderurgias, fundições ou indústrias de plástico.
O empresário considera que os números oficiais da recolha em Portugal são baixos, porque há particulares a separar por si mesmos os equipamentos, vendendo alguns componentes, de maior valor, e deitando os outros ao lixo. E uma vez nas sucatas, muitos elementos são indevidamente misturados com outros, acrescenta o empresário.
Aumentar o número de pontos de recolha também poderia beneficiar a reciclagem destes materiais, aponta ainda.