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Tempos Virulentos

António Ginja, arqueólogo e historiador da arte por António Ginja, arqueólogo e historiador da arte
Março 7, 2020
em Opinião
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“Prega-lhe mais uma tábua”, disse a jovem ao velho marinheiro.

Surpreendido pela súbita aparição da jovem na praia, o velho deu um passo atrás. Contemplou as formas voluptuosas daquela mulher desconhecida, a sua pele morena cobrindo docemente a tenrura das carnes, os lábios muito carnudos e lascivamente encarnados. Lembrou-lhe uma virgem das igrejas, dessas erguidas sobre os altares, de joelho levemente flectido e seios roliços mal ocultados sob a finura dos panos.

“Se tens medo que meta água, prega-lhe uma tábua”, insistiu a jovem.

O velho contemplou o seu barco. Cravados em cada ângulo das madeiras, séculos de vida e de labuta haviam aberto fendas aqui e ali. A madeira estalava em vastas farpas. As juntas rachavam em fartas lascas. Aquele velho barco, seco e escanzelado, parecia ao velho marinheiro pronto a capitular.

“Vai meter água, melhor seria pregar-lhe mais uma tábua”, advertiu a jovem.

Fotografia: Ricardo Graça

 

Então o velho marinheiro pegou no martelo e de um impulso só pregou uma tábua à superfície do velho barco. Temendo que fosse pouco, pregou outras duas.

O velho contemplou a tarefa feita.

A jovem sorriu.

O barco rangeu.

Alarmado, o velho pregou mais tábuas. E depois destas, outras tantas. Queria selar todas as fendas do velho barco, mas ao fazê-lo criava ainda mais fendas. Contra a adversidade, atirou-se ao trabalho. Pregou tábuas durante todo o dia e toda a noite, até que nenhuma fenda persistisse.

Pela manhã, o velho marinheiro lançou o barco à água. Remou ainda algumas braças, antes de olhar para a praia. A jovem morena tinha desaparecido. Tudo era silêncio, solidão e serenidade.

Nisto, o velho barco rugiu. Era um brado sonoro e soturno. Começou a adernar. De uma só vez, meteu uma golfada de água. Adernou ainda mais. Vitorioso, o mar invadia-lhe o vão. Tudo estava perdido. Só então o velho percebeu. Com medo de que o barco metesse água, havia-lhe triplicado o peso.

Devorando o barco e o marinheiro, o mar tudo engoliu.

O velho barco capitulou.

Etiquetas: ginja opinião
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