Variando de localização, mas mantendo hábitos que há muito me definem, decidi este Verão ir explorar as praias fluviais do rio Senegal (nos seus limites ocidentais, uma vez que o alto Senegal, por estes dias, não se recomenda a actividades turísticas).
É um espaço com encanto, com alguns recantos bonitos, e o enorme atrativo de ter água quente. É fácil uma pessoa perder-se na imensidão daquele aquífero.
Recomendo por isso, aos leitores que queiram imitar esta experiência, que se façam acompanhar de uma forte cana sempre que entrem na água.
Os jacarés, os varanos, e alguns hipopótamos podem tornar o banho desagradável. Outra coisa que podem fazer, e que eu próprio ensaiei com enorme sucesso, será atirar uma galinha (ou outro animal de pequeno porte) para a água, antes de decidir entrar.
Se após alguns minutos o bicho permanecer a debater-se à tona da água, trata-se de um bom augúrio. E podem então iniciar o gostoso banho.
São estes alguns dos cuidados que o viajante avisado deve ter quando visita a mãe África.
Arriscando-se, de outra forma, a oferecer uma perna, ou um braço, aos muitos voduns da África ocidental.
Foi esta uma vindima diferente, sem uvas, mas com outros apontamentos muito interessantes.
A cólera e o paludismo mostraram-se, como habitualmente, [LER_MAIS] presentes. E entre baratas, pulgas, carraças, mosquitos, piolhos, percevejos e moscas, trouxe para Leiria um grande número de recordações marcantes destas férias.
É curioso notar que, tal como na Vieira, também no Senegal choveu em meados do mês de agosto. Contudo, o período de monções estivais é muito antecipado na África Ocidental, onde estas aguadas são imprescindíveis para a reposição dos pastos.
O interesse destes eventos a norte do mediterrâneo durante o estio é ainda incompreendido. No pior cenário, voltaremos a aproximar-nos das geografias palúdicas de onde até agora nos vínhamos afastando.
*Investigador
Texto escrito segundo as regras do Acordo Ortográfico de 1990