Estas garças refugiam-se nas imediações dos bovinos por diversos motivos, sendo o mais plausível a distância que procuram face às desassossegadas cegonhas. Na verdade, nota-se um crescimento acelerado da população de cegonhas, que arrisca esvaziar os terrenos de nutrientes e de outras coisas.
As cegonhas, votadas ao desinteresse de todos os humanos, em especial os que ainda não as decidiram provar, parecem ter tomado posse dos nossos campos, refugiando-se por data indeterminada nas nossas árvores e arrozais (alegadamente seduzidas pelo lixo, pelo calor e pela abundância de lagostins nas ribeiras portuguesas).
Sim, trata-se de um ser tão maldoso que parece imune a todo o tipo de descargas, aceitando pernoitar no ambiente eletrizante das radioativas linhas de muito alta tensão!
Fala-se atualmente na abertura de um espaço que lhes seja especialmente consagrado, o Parque Natural da Cegonha e do Javali… dois tristes e nocivos atores da fauna portuguesa, que através de consideráveis hordas se arriscam a consumir o que resta do território agro-florestal nacional.
[LER_MAIS] Geralmente ocupadas com o binómio vinho branco/sapateira, as populações do sul esquecem facilmente a devastação que estes seres voadores de considerável porte causam às superfícies cultivadas, enchendo-as de penas e esvaziando-as dos fundamentais insetos, batráquios e roedores. Existem pessoas, aliás de muito escassa cultura, que asseguram que as cegonhas se alimentam de palha e feno, confundindo-as já com um qualquer ruminante.
É, de facto, pouca a simpatia votada a este animal, porventura associando-se este tipo de pensamento ao comportamento estritamente monogâmico da cegonha (que partilha com o albatroz, o pinguim, ou o macaco gibão, este estranho modo de vida).
*Investigador
Texto escrito de acordo com a nova ortografia