Florindo Pinheiro já nem se lembra do nome do ginásio onde tudo começou, “por cima do restaurante O Arco, atrás do centro comercial D. Dinis”. Era um rapazote, não tinha mais de 17 anos, já passaram três longas décadas.
Havia então “um ou dois” desses espaços em Leiria, “umas coisas um bocado arcaicas”, mas que foram suficientes para fazer crescer esta enorme paixão que nunca, mas nunca equacionou abandonar.
Na altura, os elementos do grupo, entusiasmados com os resultados visíveis no corpo de “levantar ferro”, tiveram a “curiosidade” de entrar numa prova de prova de força e experimentaram o Campeonato Nacional.
“Obtivemos uns resultados engraçados e já não parámos: foi continuar a andar para a frente”, recorda o atleta. Foi mesmo. De tal maneira que, aos 47 anos, Florindo acaba de conquistar o quinto título mundial da carreira.
Leu bem: título mundial, na especialidade de supino, que não é mais do que uma forma de levantamento de peso, executado na posição deitada em decúbito dorsal, sobre um banco específico. Depois, o atleta baixa a barra com peso até perto do peito e empurra-a para cima de seguida, até os braços estarem esticados.
[LER_MAIS]É este o exercício que mais gosta e onde tem os melhores resultados. Curiosamente, ao longo da carreira tem participado em duas categorias de peso, umas vezes naquela dedicada a indivíduos com menos de 90 kg e outras vez para competidores com menos de 100 kg.
“Claro que as marcas diferenciam consoante a categoria, porque quanto mais leve estou menos levanto”, explica Florindo Pinheiro, que chega a guindar a módica quantia de 250 kg quando está no auge da forma física. Quando está mais leve atinge os 235 kg.
“Não há muitos a fazer marcas desse nível”, admite o serralheiro. Ainda assim, aponta como principais rivais os desportistas dos países de Leste, “húngaros, búlgaros, mas também finlandeses”, nações onde esta modalidade está implementada.
Em Leiria, actualmente, apesar dos ginásios estarem cada vez mais concorridos e o culto do corpo continuar a crescer, Florindo é o único, mas no País “já há um leque de atletas que já fazem boa figura”.
A um mês de completar 48 anos, e apesar do inclemente passar dos anos, continua a gostar de entrar em provas e a ser competitivo, “mas começa a custar”, admite.
“Já sou veterano, mas ainda consigo competir com os seniores. Estou lá a lutar pelo pódio, como se diz, mas a idade não traz grandes benefícios. A minha esposa sempre me apoiou, sabe que é uma coisa que eu gosto e quando me conheceu eu já praticava. Costumo dizer que há pessoal que vai de férias para a praia e eu vou de férias levantar peso.”